sábado, 29 de outubro de 2011

SUPER CAT-POTATO

E cá estou eu resolvendo um trabalho em pleno fim de semana quando de repente ouço a seguinte musiquinha sendo cantarolanda animadamente pelos molex no quarto ao lado.

"Super Cat-Potato,
In the cityyyy...
Here to save us...
Super Cat-Potato...
And Super Dog"

SUPER CAT-POTATO??

Não sei o que me intrigou mais - a ideia de que eles estavam cantando sobre algo tão nonsense como se fosse a coisa mais natural do mundo, ou o fato de que foi só digitar "cat potato" no Google para encontrar a imagem que ilustra este post.

sábado, 1 de outubro de 2011

BEREBAS DE BIRIBA

Isso aqui que vocês estão vendo é a boca do Tony. No lábio, vocês percebem uma ferida, como se fosse um foco de herpes ou uma alergia a algo que ele tenha comido.

Aos que apostaram na segunda opção, parabéns: vocês acertaram, mas duvido que tenham decifrado a charada.

O fato é que isto aconteceu em junho, época de festas juninas. Em meio às paçocas e aquela infinidade de doces e comidas típicas, alguma reação a determinado ingrediente é algo até certo ponto esperado, então não fiquei particularmente alarmado ao chegar em casa depois de um dia de trabalho e encontrar meu filho com BEREBAS no lábio.

Claro que eu deveria ter percebido que algo estava errado - e que de alguma maneira eu estava envolvido nisso - pelo olhar pouco hospitaleiro da Carla e pela sensação desconcertante de que ela apenas estava esperando que eu mencionasse algo para atacar - tal qual o feroz jaguar à espreita do inocente porco-do-mato.

E aí, ao finalmente perguntar se ela havia percebido as feridas na boca do Tony, abri a porta para a avalanche de bordoadas auditivas a que tão habitualmente sou sujeito nesta minha vidinha:

"É impressionante né? Você faz as coisas sem pensar e eles imitam! E dá nisso! Eu perguntei pro Tony onde ele havia aprendido isso e, CLARO que a resposta foi que ele viu você fazendo, achou engraçado e taí o resultado!"

E aí, após um perído de esclarecimentos, finalmente entendi o que havia acontecido.

Acontece que tínhamos ido a uma quermesse na semana anterior e, evidentemente, tivemos que passar por todas as barracas do local, uma a uma.

Ao jogar a enésima bola de tênis careca contra uma pilha porcamente montada de latinhas, lembrei da melhor definição que já ouvi para este tipo de atividade de parquinho de diversão, cortesia da comediante inglesa Josie Long:

"É como alguém chegar para você e dizer: se você me der 2 reais, eu te dou um brinde no valor de 20 centavos, e a ilusão de que você é bom num esporte."

Pois foi exatamente isso. A gente pagou uma fortuna para jogar bolas, arremessar argolas, atirar dardos... e, independente do resultado, sempre saía da barraca com um carrinho de plástico quase querbrado, um jogo de memória que valia a pena esquecer, ou uma caixinha com meia dúzia de biribinhas.

As biribinhas, pelo menos, proporcionavam um mínimo de diversão, ao serem arremessadas contra o chão e explodirem com aquele nostálgico "TRAC!"

Mas aí, decidi ser "engraçado" e coloquei uma das biribinhas na boca e mordi. O resultado foi uma mini-explosão bucal e um puxão-de-orelha da Carla:

"Para de fazer bobagem que você sabe que eles podem fazer isso e passar mal depois!"

Então parei. Mas evidentemente não devia nem ter começado, porque o Tony havia decidido replicar meu feito durante a semana e teria - confesso que duvido um pouco da veracidade da informação - COMIDO várias biribinhas que, entre uma crise de gargalhadas histéricas e outra, haviam causado as tais berebas na foto.

E a culpa toda disso, claro, é minha.

É como diz o ditado: passarinho que come biriba sabe o pai que tem.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

PLAYSTATIONING

Sei que tenho postando pouco ultimamente, mas logo retorno a minha frequência habitual, prometo...

Enquanto isso, aqui vai uma rapidinha que aconteceu neste fim de semana.

Os molex monopolizavam a televisão da sala com uma partida de futebol no videogame, obrigando-nos a esperar pelo término do jogo para poder assistir ao filme que queríamos (não achamos justo simplesmente EXPULSÁ-LOS da sala porque, afinal de contas, eles estavam lá primeiro).

Mas o jogo se arrastava num 0x0 e, com o apito final, veio a prorrogação.

Com a expectativa de uma longa disputa de pênaltis me impedindo de ver o filme, comecei a torcer para que um gol saísse logo, independente de quem marcasse, só para terminar a partida antes das penalidades máximas.

Aí, a 5 minutos do fim, o Nick - que jogava com a Espanha - quase acertou um golaço no Tony - que jogava com a Alemanha.

Como eu estava realmente torcendo para que algum gol saísse, acabei soltando um sonoro grito de "UUUUUUUHHHHHHHHHHHHH!!!!" pela chance desperdiçada.

Surpreso pelo fato de que eu havia lamentado a perda de um gol da Espanha contra justamente minha equipe favorita, o Nick se virou para mim e perguntou, surpreso:

"Daddy?! Are you torcing for me?!"

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

PEITÃO

Outro dia, um amiguinho dos molex foi passar a tarde em casa. Claro que cada visita deve ser acompanhada por um tour pelas dependências da residência, uma exibição minuciosa de cada um das centenas de brinquedos acumulados pelos dois ao longo destes quase 8 anos de existência e, claro, uma sessão de vídeo com os filmes favoritos deles.

A Carla passava pelo corredor quando ouviu o seguinte comentário, vindo do Nick:

“Você precisa ver este filme, Yann! Tem uma mulher que tem UM PEITÃO!!!”

É o tipo de comentário que se espera de crianças um pouco mais adolescentes do que 7 anos, e a Carla na hora parou no corredor, curiosa para saber por que motivo eu teria liberado para meus filhos um filme que tivesse como destaque uma MULHER COM PEITÃO (pensando também que um termo desses dificilmente brotaria do nada na imaginação de uma criancinha inocente como o Nick).

O filme em questão era uma comédia chamada “Kung Pow”, uma sátira aos filmes de kung-fu de Hong Kong na década de 70, com uma piada idiota depois da outra, mas nada de teor mais “adulto”.

De qualquer forma, a Carla finalmente viu a “mulher com peitão” que o Nick havia comentado e percebeu que ela havia entendido o comentário do Nick fora de contexto, porque não havia nada de “safado” no que ele havia dito – era apenas uma constatação factual.

Porque era, simplesmente, uma mulher que tinha “um peitão”, como vocês podem ver na foto abaixo. Ufa hein?

sábado, 16 de julho de 2011

TERRA DE GIGANTES

"Powerslave" foi o quinto álbum da banda de heavy metal britânica Iron Maiden e foi lançado em 1984.

Foi com o Iron Maiden e com o bom e velho e bizarro Ozzy Osbourne que comecei a ingressar no universo das músicas mais pesadas e harmonicamente complexas, me distanciando de vertentes mais simplórias como o punk e o pop.

Lembro até hoje da alegria que tive ao receber de presente do meu pai uma coleção de fitas cassete (sim, FITAS CASSETE) do Iron Maiden, todas com o selo da já extinta loja de discos Museu do Disco. Eu tinha 12 anos na época e fiquei completamente alucinado com o som da banda.

Tanto é, que minha mãe esbarrou numa camiseta azul com a capa do "Powerslave" numa loja e não hesitou em comprar para deixar seu filhinho headbanger ainda mais feliz lá em casa.

Tá. Mas o que é que isso tem a ver com este blog?

Tem a ver que eu guardei esta camiseta, imaginando que, se algum dia eu tivesse filhos, talvez eles acabassem curtindo a banda também. E aí eles teriam a oportunidade de ostentar uma camiseta "vintage" de 25 anos, tornando-se os carinhas mais cool e descolados da tchurma.

E é por isso que o fato do álbum ter sido lançado em 1984 é relevante.

Eu tinha 12 ou 13 anos quando usei esta camiseta e, para vocês que não me conhecem, não sou exatamente um Marco Maciel em termos de estrutura corporal. Os molex ainda nem completaram 8, mas o Tony já tomou posse da camiseta e, como vocês podem conferir na foto abaixo, já está maior do que eu era quando tinha 4 anos a mais do que ele.

O que será que ocorre? Tinha fermento no leite Ninho deles?

quarta-feira, 6 de julho de 2011

QUANDO VOCÊ PARA E SE PERGUNTA SE NÃO ESTÁ CRIANDO UM MINI DEXTER EM CASA

A vida prepara a gente para lidar com muitas situações inusitadas. Mas, por algum motivo, abrir a porta do freezer e se deparar com isso não é uma delas....

domingo, 26 de junho de 2011

CRIANDO HERÓIS

Post rapidíssimo de uma que ouvi ontem e achei digna de registro.

 Mostrei para os dois um caderno que eu tinha quando criança, na época que eu havia me interessado por histórias em quadrinhos e queria criar meus próprios heróis.



Aí eu disse que eles poderiam fazer o mesmo e exemplifiquei desenhando numa folha um novo “herói” que criei na hora. Rabisquei rapidamente uma cueca flutuante com dois sapatos e um chapéu, como se eles estivessem sendo usados por um homem invisível.

Eles argumentaram que aquilo não era um herói, e eu retruquei que sim, que era o “Invisible Cueca Man”, mas o argumento não colou porque, na visão crítica deles, super-herói não anda pra lá e pra cá só de cueca. Eu estava sendo RIDÍCULO.

De qualquer forma, eles entenderam o processo criativo e saíram desenhando, me mostrando cada novo personagem, com nome e tudo.

Aí vinham me apresentar heróis como o Olhudo, Homem Pelo, Homem Godzilla, Velocidade, Homem Cachorro e uma infinidade de heróis com nomes e características que, sabe-se lá por que, o Stan Lee acabou não pensando quando criou seu incrível universo Marvel.

Mas de todos, o com nome mais, como direi, interessante foi um que o Nick falou, mas que infelizmente desencanou de desenhar: o HOMEM BATMAN.

Partindo do pressuposto de que Batman é um homem que se fantasia de morcego, o que seria um Homem Batman? Um homem que se fantasia de um homem que se fantasia de morcego?

quinta-feira, 16 de junho de 2011

QUEIMA O DINHEIRO, IAIÁ... QUEIMA O DINHEIRO, IOIÔ

Junho é sinônimo de Festa Junina e, pra quem é pai, sinônimo de GASTAR DINHEIRO EM QUERMESSE ESCOLAR.

E, claro, para quem é pai de gêmeos, estes custos são dobrados.

Mas o que me irrita é pensar que, tivessem os molex um pouquinho que fosse de boa vontade, talvez isto não fosse tão contundente no meu bolso.

Não pelo que eles gastam na festa em si, porque nada mais natural do que comer todas as guloseimas e participar de todas as brincadeiras. Faz parte e é divertido partilhar essa diversão com eles.

Estou falando do que antecede a festa: a famosa rifa.

Fiquei sabendo numa quinta-feira à noite que a Festa Junina deles seria no sábado seguinte, menos de dois dias depois.

Perguntei se haveria apresentação, coisa e tal, e ambos me informaram que sim, mas que o importante era eu comprar uma rifa deles, porque o prazo para a entrega dos canhotos era na sexta, àquela altura conhecida por AMANHÃ.

Inocentemente, perguntei quantas eles já haviam vendido, me predispondo a comprar as 3 ou 4 folhinhas que eles não tinham conseguido vender para amigos, amigas, primos, tios, avós, professores, vizinhos, conhecidos, etc.

Como eu esperava, a resposta foi “3”.

Só que, após um breve momento de alivio, descobri que o “3” não se referia à quantidade que faltava, mas sim à quantidade VENDIDA.

De posse dos carnês por um período de 3 ou 4 semanas, os garotos haviam realizado a proeza de vender TRÊS míseras rifas, restando para este pai compreensivo a tarefa de desembolsar o que faltava para arrematar as demais 17 rifas (a custo de R$ 3,00 cada).

Ao pegar minha carteira para efetuar o pagamento, deliberei sobre quem tinham sido os 3 generosos compradores que haviam contribuído para o evento dos molex, e peguei os carnês para ver os nomes.

E qual não foi a minha surpresa ao descobrir que os tais “generosos compradores” eram eu, minha esposa e minha sogra.

Ou seja, não só eu teria que pagar as 17 rifas que faltavam, eu ainda teria que pagar as 3 que “eu” já havia adquirido.

Resumo da ópera: paguei R$ 60,00 e os dois puderam ir para escola no dia seguinte com seus carnês integralmente vendidos, no que deve ter parecido uma demonstração de distorcidos valores familiares: nem precisa se esforçar para vender, filhão, porque o Papai compra tudo pra você!

Ao chegar em casa na sexta, a boa surpresa: a festa não era naquele sábado, mas no SEGUINTE. Reclamei:

“Não acredito! Eu comprei todas as rifas e vocês ainda tinham uma semana inteira para tentar vender?!”

Ao qual eles responderam, me tranquilizando:

“Tudo bem, Daddy! Não tem problema! A gente pega mais rifas para você comprar!”

quinta-feira, 9 de junho de 2011

MAIS JOGOS, TRAPAÇAS E DOIS MANOS FULMINANTES

Depois do último post, mais um sobre o mesmo tema: jogos.

Temos o jogo "Cara-a-Cara" em casa, mais precisamente a variante que tem os personagens da Turma da Mônica.

Para quem não conhece, ganha o jogo quem acertar o personagem que está na carta do adversário, e o processo para a descoberta se baseia em perguntas que só podem ser respondidas por "sim" ou "não".

É um processo de eliminação lógica, em que o primeiro a afunilar as opções a um só personagem ganha.

Vi uma partida dos molex como observador neutro, assistindo atentamente aos dois perguntarem se o personagem era menino, se usava óculos, se usava chapéu, e outras perguntas do gênero.

E fiquei um pouco curioso ao ver que, após ter conseguido reduzir as opções a uma única possibilidade, o Nick havia chutado o personagem Anjinho e o Tony havia mostrado a carta da Tina, indicando que o Nick havia comido bola em algum lugar do caminho.

Como havia chutado errado, o Nick perdeu a rodada, e eu decidi prestar mais atenção na movimentação de ambos, fazendo as vezes de auxiliar técnico para evitar que um simples errinho de atenção pudesse estragar a brincadeira deles.

O jogo começou e o Tony perguntou se o personagem do Nick era um menino.

O Nick respondeu que não, fazendo com que o Tony tirasse de jogo todos os personagens masculinos. Aí percebi um que ele havia esquecido e o alertei:

"Ei... aqui. Você esqueceu deste..."
"Não, não... este não é menino."
"É sim!"
"Não é! Todo mundo sabe que ele não é menino!"

Minha opinião era irredutível, a do Tony também era. E percebi que insistir nessa disputa seria como discutir o sexo dos anjos: não daria em nada.

O engraçado é que estávamos justamente discutindo o sexo do ANJINHO.

E isso é algo que, descobri hoje, ATÉ UMA CRIANÇA DE 7 ANOS sabe que não é nenhuma coisa nem outra.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

JOGOS, TRAPAÇAS E DOIS MANOS FULMINANTES

Um momento bacana que tive com os dois recentemente foi o de retomar o hábito de jogar um JOGO DE TABULEIRO.

Apesar do mundo virtual e dos videogames, os jogos de tabuleiro ainda existem e, por incrível que pareça, exercem nas crianças de hoje a mesma magia daqueles sombrios tempos pré-Nintendo.

Um dos jogos chamava-se "Lince - Super-Heróis Marvel", algo de regras simples e rápido, mas que divertiu bastante a molecada.

O resultado deste jogo foi que o Nick DESTRUIU a gente com propriedade (a conta final foi 10 pra ele, 5 pro Tony e 4 pra mim), e não, eu não "deixei" ele ganhar - foi na base do talento mesmo.

Mas, ao jogar, lembrei de uma outra vez em que jogamos o famoso jogo da memória com eles, quando eram bem pequenos.

A gente jogava na mesa da sala e, cada vez que algum deles conseguia acertar um par, era uma festa como se eles tivessem ganho a Copa do Mundo.

Só que em determinado momento do jogo, comecei a notar duas coisas. Uma era que o Tony estava acertando quase tudo, e a outra era que ele tinha um estranho ritual antes de escolher suas cartas: ele tirava a primeira, olhava para ela com atenção e, lentamente se agachava, como que se encolhendo na cadeira.

Ele ficava assim durante alguns segundos, num estado de concentração total, e se levantava triunfante, escolhendo a carta certa com uma frequência que anulava a hipótese do acaso.

Era como se ele conseguisse enxergar através das cartas, o que me lembrou de um delicioso conto que eu havia lido como criança: "A Incrível História de Henry Sugar", do genial escritor galês Roald Dahl.

No conto, o tal Henry Sugar aprende uma técnica de concentração que o permite conseguir ver através das cartas e fazer fortuna nos cassinos. A história é maravilhosa e a ideia de ter um filho com visão raio-X é melhor que ganhar na Mega Sena, mas eu achei que seria uma boa ideia tentar racionalizar o ocorrido antes de dar um pé na bunda do meu emprego.

E ao prestar atenção no ritual todo do menininho, percebi que o tampo da mesa da sala era de vidro e tinha meio centímetro de espessura.

A medida é relevante porque o Tony, aos 2 anos de idade, havia sacado o princípio básico da reflexão da luz ao perceber que, em determinado ângulo, ele conseguia ver projetado na mesa o reflexo da carta que estava na superfície do vidro.

Ou seja, ele VIA a cor das cartas por causa no reflexo que ela fazia e acertava tudo.

Foi a última vez que jogamos sem uma toalha de mesa.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

PROCURA-SE EMPREGO

Breve post com o relato de um papo por telefone entre o Tony e sua tia, que mora na Bahia.

Ela havia ligado para matar saudades e, como era de se esperar, chamou os dois para conversar ao telefone.

Do diálogo, conseguimos ouvir apenas o lado do Tony, mas acho que deu pra entender o teor da conversa.

“Alô?”
...
“Oi Titia...”
...
“Eu tô bem.”
...
“Tava brincando com o Nick...”
...
“Sim. Eu também tô com saudades.”
...
“Quando? Hm... não posso ir aí ainda, né?!. Preciso arrumar um emprego!”

Sinceramente, espero que ele não replique esse tipo de raciocínio na escola porque não quero ter que explicar para a diretora que a gente não fica induzindo os dois a TRABALHAR PELO PRÓPRIO SUSTENTO.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

UM DIA DE FÚRIA



Vocês já assistiram a este comercial?

Faz tempo que não posto um causo mais “antigo” dos molex, por isso hoje vou pegar carona no vídeo acima para relembrar um breve, porém INTENSO, período indisciplinado dos dois.

Realmente, não tenho muito direito de reclamar de atos de indisciplina deles, porque ambos nunca foram de dar chiliques ou desobedecer instruções, mas teve um período curto em que eles tentaram compensar anos de bom comportamento com um intensivão de birras que quase nos levou a surrá-los (quase).

O período foi quando os dois tinham uns dois anos e meio e durou mais ou menos uma semana. Depois disso, a normalidade foi reestabelecida, mas aqui relato dois casos que ficarão para sempre marcados na nossa memória.

Ambos ocorreram no mesmo dia e local, só que em horários diferentes. Era a semana do Dia das Crianças e decidimos levá-los para assistir a algo no cinema. Compramos os ingressos e fomos comer alguma coisa enquanto esperávamos pelo início da sessão.

Em virtude da época, havia uma animadora de festa infantil no restaurante, e ela pintava bichinhos, desenhos e afins na criançada.

Como notamos que o Tony não parava de olhar para a animadora, a Carla perguntou se ele queria ir lá para que ela pintasse nele algum dragão ou aranha, algo COOL que ele pudesse ostentar como uma tatuagem ameaçadora.

Ele disse que não, mas queria que a Carla fosse até lá e pedisse para a menina pintar uma grande borboleta azul na sua testa.

Evidentemente – e infelizmente – a Carla negou, o que teve um efeito devastador no Tony, jogando-o num rompante de fúria incontrolável.

O garoto chorava copiosamente, urrando de ódio, e nada que falávamos para ele fazia qualquer tipo de efeito. A gente falava, sacudia ele, ameaçava... e nada.

Quando as outras pessoas no restaurante já contemplavam a hipótese de pedir a conta (ou nossa remoção do recinto), aos poucos o chororô foi ficando mais fraco, até eventualmente se dissipar por completo e, no lugar do pequeno diabo da tasmânia que tínhamos levado à lanchonete, restava apenas um inocente garotinho de olhos vermelhos e rosto lavado por lágrimas.

Morrendo de vergonha e certamente tidos como os pais mais sem controle da cidade, pedimos a conta apressadamente para o garçom, imaginando que nossa saída renderia aplausos de todos que haviam aturado aqueles 20 minutos de intensa tortura auditiva quando tudo que eles queriam era passar alguns momentos agradáveis com a família.

Felizmente, os aplausos não vieram e nós saímos discretamente do local, de cabeça baixa e envergonhados.

Aí, no caminho para o cinema, o Nick – que havia se comportado exemplarmente durante o incidente com o Tony – informou que queria ir ao banheiro fazer xixi.

A Carla o levou em direção ao banheiro, mas ele de repente parou e disse, apontando para a escada rolante:

“Não! Aí não! Quero fazer xixi lá!”

Sabendo que o banheiro do segundo piso era a mesma coisa que o do terceiro piso, mas tentando evitar uma outra crise como a do restaurante, a Carla decidiu que seria mais simples ceder ao capricho do garoto e descer o lance de escadas até o banheiro de baixo.

Mas, ao chegarmos no segundo piso e começarmos a nos dirigir até o banheiro, o Nick se virou e apontou de novo em direção à escada pela qual havíamos acabado de descer e começou a gritar:

“Não! Não aqui! Quero fazer xixi LÁ! LÁ!”

E desabou no chão, se debulhando em lágrimas e erguendo as mãos para o céu provavelmente rezando para que alguma força superior fizesse justiça e nos incinerasse da face da terra.

Tentávamos entender se ele queria fazer xixi no banheiro do segundo ou do terceiro piso quando nos demos conta de que a resposta não era nenhuma das alternativas.

Ele queria fazer xixi NA ESCADA ROLANTE. E o fato de não deixarmos estava ferindo até sua alma.

Assistíamos com olhos arregalados enquanto o Nick se arremessava no chão enquanto urrava num misto de dor e ira, e olhávamos ao redor quase que esperando reencontrar as pessoas que haviam presenciado a triste cena no restaurante.

Curiosamente, desta vez era o Tony que assistia à cena com visível interesse, como um explorador britânico presenciando um exótico ritual indígena pela primeira vez.

Até que a Carla de repente chegou ao seu limite e berrou:

“CHEGA! Cansei disso! Quer ficar aí chorando, chora! Eu vou embora!”

Ela se virou e saiu andando determinada pelo corredor do shopping, seguida de perto por mim e pelo Tony, deixando o Nick esparramado no chão em meio à sua crescente poça de lágrimas.

Aí, como que num passe de mágica, o Nick percebeu que estava sozinho e imediatamente o choro se encerrou. E ele veio correndo atrás de nós como se nada tivesse acontecido.

Resumo do dia: fomos embora e a Carla não tatuou uma borboleta na testa, o Nick não fez xixi na escada rolante e eu tive que abrir mão de um cinema que JÁ HAVIA PAGO (pensei em comentar isso com a Carla na hora mas confesso que FIQUEI COM MEDO).

sábado, 30 de abril de 2011

PRAGMATISMO PASCOAL

Mais uma da Páscoa, esta mais sintética que o post anterior.

Voltávamos de um almoço pascoal no domingo com minha cunhada, que mora em Salvador e veio passar o feriado aqui em São Paulo.

Tendo ganho ovos, presentes e chocolates de todo mundo, ela comentava no carro sobre como faria para levar tudo isso de volta no avião.

"Nossa... ganhei tantos ovos que nem sei onde vou enfiar isso tudo..."

A isso, nosso solícito Tony veio com uma boa ideia (pelo menos para ele):

"Ué! Enfia no meu quarto!"

Claro que ele deve ter falado isso só para evitar que ela tivesse excesso de peso na viagem de volta...

quinta-feira, 28 de abril de 2011

ENQUADRANDO O COELHO DA PÁSCOA

Fresquinha que aconteceu na Páscoa, semana passada (foi semana passada? A semana foi tão intensa em termos de trabalho que perdi completamente a noção do tempo...)

Já havíamos falado sobre a existência ou não do simpático Coelhinho da Páscoa há tempos (contei neste post aqui), e pelo andar da carruagem, eu sinceramente achava que um ano depois já não restariam dúvidas quanto ao tema.

E minha suspeita quase se confirmou no sábado à noite, quando fui dar boa noite aos molex.

Como sempre faço, deixei uma cenoura para o coelho na sala, uma singela gentileza ao pequeno mamífero logomorfo que, por algum motivo, contraria as leis do espaço e do tempo para distribuir milhares de toneladas de ovos de chocolate por todo o mundo, num inacreditavelmente IMPROVÁVEL período de 24 horas.

Ao sair do quarto dos molex avisei que a cenoura estava preparada para a visita e o seguinte papo se sucedeu entre nós:

"(suspiro)... Daddy... o coelho não existe..."
"Como não? Quem é que traz ovos de chocolate para vocês todos os anos?"
"Ué... você, né?"
"Mas vocês estiveram comigo o dia todo! E voltaram pra casa comigo. Viram algum ovo?"
"Não. Mas você escondeu."
"Onde? No bolso?"
"Não... mas algum lugar escondeu."
"Bom... então vocês não vão se importar se eu jogar fora a cenoura que deixei pro coelho, né? Afinal, ele não existe mesmo..."
"Não! Melhor deixar lá... já que você deixou mesmo..."

Então deixei a cenoura por lá e, após alguns minutos, os dois aprendizes de cético estavam dormindo profundamente.

Aí, de manhã, como que por mágica, os garotos encontraram ovos de chocolate ao pé da cama e comentaram o ocorrido entre si com evidente fascínio.

Além dos ovos, eles detectaram também alguns tufos de pelo de coelho - algo que algum detetive forense poderia imaginar se tratar de algodão desfiado - formamdo uma espécie de rastro até a sala, onde estava um prato vazio. Mais tarde, viríamos perceber fiapos brancos também na janela da sala, talvez indicando a rota de entrada do magnífico leporídeo pascoal?

Levantei da cama e fui ver o que estava acontecendo e o Tony veio falar comigo, segurando o ovo nas mãos.

"Daddy! Sabe que eu VI o coelho ontem?"
"Viu?!"
"Sim. Ele entrou no meu quarto."
"E por que você não me chamou?"
"Ah... deu preguiça..."
"Mas como ele era?"
"Hm... meio... pequeno. E branco... meio que um coelho normal."
"E ele falou com você?"
"Não. Deixou os ovos e foi embora."

Com isso o Tony se virou e foi até a sala abrir seu ovo para começar o dia com uma generosa porção de cacau e açúcar. E eu fiquei matutando no que ele havia me dito...

Das duas uma: ou ele ainda acredita na história do Coelho, ou então acha que eu sou tão BURRO que, mesmo sabendo que o coelho sou EU MESMO, ainda vou acreditar que ele viu um de verdade no quarto dele entregando os ovos.

Espero que seja a primeira opção…

sábado, 16 de abril de 2011

CENTOPEIA QUENTE

As coisas que a gente tem que fazer pra tornar a hora do jantar mais interessante...

(em tempo, roubei a ideia do genial MustHaveCute)


DUE BAMBINI ANGLO-BRASILIANI

Antes dos molex nascerem, perguntei a um psicólogo se minha ideia de falar com eles só em inglês seria algo nocivo para o processo de aprendizado deles. Fiquei com medo de que isso pudesse confundir as coisas bem na hora em que eles mais precisassem de referências para fortalecer suas conexões neurais.

O psicólogo me garantiu que não, informando que as crianças alocariam os dois idiomas em locais diferentes do cérebro, minimizando a possibilidade de confundir um com o outro.

De fato, eles sabem que comigo o idioma é o inglês e que com a Carla é o português, o que, claro, não os isenta de improvisar de vez em quando (como vocês podem relembrar neste post aqui).

Mas nada me prepararia para chegar em casa outro dia e ouvi-los cantando a seguinte música alegremente no quarto deles:

"(Uh! Ah! Eh!) Trema la terra,
(Uh! Ah! Eh!) Palpita il mare,
(Uh! Ah! Eh!) C'è chi si ribella sull'isola di Gorm!

Entra nel mondo di quei quattro amici
che adesso sono signori Gormiti,
perchè la vita incontra il destino così!"

Certos de que eles não haviam de repente se matriculados num curso intensivo de italiano, fui para o quarto perguntar de onde eles haviam aprendido a cantar assim, e a resposta foi ainda mais surpreendente: da internet.

Parece que existe uma série de desenho animado chamada "Gormiti, os Senhores da Natureza", que passa na TV Globinho. Fãs da série, ambos foram atrás de episódios no YouTube (com supervisão da Carla, claro).

Acontece que a série é originalmente italiana - se chama "Gormiti Il Ritorno Dei Signori Della Natura" - e, consequentemente, a esmagadora maioria dos vídeos postados no YouTube estão em italiano. Aos que tiverem estômago de conferir, posto o vídeo abaixo:



Achei bacana que o fato de o vídeo ser em italiano não impediu os molex de assistirem à abertura no computador de novo e de novo e de novo... até memorizarem a música inteira, tudo EM UM IDIOMA QUE ELES NÃO ENTENDEM.

Vou sugerir à escola deles que comecem a administrar as aulas de matemática em italiano. Quem sabe assim eles não aprendem?

sábado, 9 de abril de 2011

PARAÍSO INTERDITADO

Tive uma semana do cão em termos de trabalho, o que significou poucas horas em casa, e as poucas que tive foram durante a madrugada.

Mas o fato de não ter tido praticamente nenhum contato com os molex não significa que não tenha ocorrido algo digno de postagem.

Era quinta-feira, umas 22h00 e eu estava no trabalho. De repente a Carla apareceu online no msn e me informou que o Tony havia a procurado para perguntar se eu demoraria para chegar em casa.

É sempre bom saber que sua falta está sendo sentida pelos seus filhos, então segui o relato dela com atenção. Segue o papo:

"Mamãe, o Daddy vai demorar pra chegar hoje de novo?"
"Sim, Tony... ele está com muito trabalho..."
"Oba!!!"
"Oba?! Por que oba?!"
"Hm... nada, nada... Nick? Vem aqui comigo um segundo?"

Aí foram os dois para fora da sala, seguidos discretamente pela Carla, que queria entender o motivo dessa desconcertante alegria. Eles falavam quase aos sussurros, mas os atentos ouvidos dela captaram o Tony dizendo:

"Agora a gente vai poder brincar com os carrinhos do Daddy!"*

Sabendo do apreço que tenho pela coleção de miniaturas, a Carla interviu:

"Ei! Nada disso! Você sabe que o Daddy não deixa brincar com os carrinhos, né?"
"Sim... mas ele não tá aqui!"
"Não importa. Ele não deixa e confia em vocês. Você quer que ele perca a confiança que tem em vocês?"

A isso, o Tony levantou os ombros de maneira blasé e disse:

"Bom, EU nunca combinei com ele pra confiar em mim..."

Ou seja, se eu quiser confiar nos meus filhos, tudo bem. Só não é pra vir jogando isso na cara quando eles pisarem na bola.


* Para quem não sabe o que são os "carrinhos do Daddy", vale ler este post aqui.

domingo, 3 de abril de 2011

QUASE-REGISTROS DE UMA ÉPOCA

Ontem os molex fizeram uma apresentação na escola. É a chamada manhã literária que ocorre uma vez ao ano.

Em linhas gerais, o evento é constituído por apresentações de cada uma das turmas, em que os alunos recitam poesias e cantam músicas.

Para poder filmar e fotografar o evento da maneira menos estressante possível, me posicionei em meio a pais e mães munidos de suas câmeras na parte de trás do auditório, no local mais central possível, e esperei pela vez dos molex.

Quando eles subiram no palco, me preparei para registrar o momento para a posteridade.

E agora vamos a um desafio, para que vocês que não são pais consigam entender o quanto esta tarefa é incrivelmente árdua.

Segue uma foto da primeira parte da apresentação (desculpem a qualidade da imagem, mas ela foi tirada do vídeo).

Desafio 1. Achem o Tony:

Os mais atentos já devem ter encontrado o Nick (é o segundo da direita para a esquerda), mas e o Tony? Alguém se habilita a chutar o lugar em que ele passou TODA A PRIMEIRA PARTE DA APRESENTAÇÃO?

Segue a resposta:





(interessante notar que, por ser o aluno mais alto de sua turma e ter sido colocado ao lado da menina mais baixinha, o Tony precisou contar com a sorte e astúcia para conseguir se esconder atrás do saco de papel que ela colocou na cabeça)

Enfim, primeira parte da apresentação terminada, vamos ao segundo desafio. Depois da poesia, chegou a hora da música e todos se posicionaram no palco para cantar uma canção chamada "Dinheiro".

Bem no centro do palco, colocaram uma árvore com notas de dinheiro penduradas nos galhos e os alunos ficaram em volta dela para cantar a música.

Desafio 2. Achem o Nick:

Este desafio é mais difícil que o primeiro, então dei um zoom maior na imagem e, como consequência, o Tony não aparece nela.

Mas, se mesmo assim você ainda não conseguiu localizar o Nick na foto, aqui vai a resposta:





Pois é.

De verdade, é muito, MUITO difícil pensar que eles não fazem isso de propósito.

segunda-feira, 28 de março de 2011

DANDO MARGEM À INTERPRETAÇÃO

Em se tratando de crianças, nem sempre o que a gente fala é igual ao que elas entendem.

Às vezes, você passa uma instrução aparentemente simples para seus filhos e eles conseguem interpretar isso de maneira um tanto, digamos, distorcida.

É por isso que eu acho que não deveria ter me surpreendido com o que aconteceu na sexta-feira passada. Na hora do jantar, pedimos aos molex que nos ajudassem, levando os pratos e talheres para a sala.

Do alto de nossa inocência, imaginamos que eles poriam a mesa de forma no mínimo semelhante à configuração que tem feito parte diária da vida deles desde que eles se conhecem por gente.

Mas é claro que, nesta fase de tantas novidades e aprendizado, algumas coisas devem passar batido na vida da criança, como por exemplo o detalhe de que a gente almoça e janta SENTADOS À MESA E NÃO NO CHÃO.

Me lembrou o delicioso samba do Chico Buarque - "Feijoada Completa" - quando ele canta:

"Ponha os pratos no chão, e o chão tá posto."

Só duvido que ele tenha imaginado que alguém seguiria a recomendação tão ao pé da letra...

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

ESTANDO BOM PARA A MINHA PARTE...

Post rápido para exemplificar o processo de negociação de uma criança de 7 anos.

Para evitar que os molex fiquem colados na televisão jogando videogame 24 horas por dia, 7 dias por semana, estipulamos uma regra que limita os joguinhos ao fim de semana.

Com isso, durante a semana, eles acabam descobrindo formas alternativas e mais saudáveis de passar o tempo, como ler, desenhar, brincar, etc.

Lógico que isso não os impede de ter vontade de jogar e, consequentemente, tentar achar maneiras de burlar as regras.

Um exemplo é o seguinte papo do Tony com a Carla:

“Mamãe... você sabe que hoje eu não posso jogar videogame né?”
“Isso. Só na sexta-feira.”
“Então... queria fazer um ACORDO com você.”
“Diga lá.”
“Então... hoje é quarta, aí você deixa a gente jogar o videogame só hoje...”
“OK... e aí?”
“Aí hoje a gente joga.”
“Sim. E no sábado vocês não jogam?”
“Sábado?”

“Isso. Vocês jogam hoje e no sábado vocês não jogam? É isso?”
“Não. Sábado a gente pode jogar videogame!”
“Eu sei. Mas concorda que hoje é quarta vocês não poderiam jogar?”
“Sim mamãe... (suspiro) ... e é por isso que estou fazendo um ACORDO com você.”
“Entendi. Então o seu acordo é que em vez de jogar só no fim de semana, você quer jogar hoje também.”
“Isso!”

E, com isso, aprendi uma nova definição para a palavra "acordo".

Acordo: s. m.: combinação ou pacto entre dois ou mais indivíduos, caracterizado por proporcionar vantagens e/ou benefícios exclusivamente a uma das pessoas envolvidas. Ex. Vamos fazer um acordo: se der cara, eu ganho, mas se der coroa eu ganho também.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

RA-TIM... BOOOOOOOOOOOOOOOOOM!!!!!!!

Pode ser meio difícil de identificar o que está sendo mostrado nesta foto, mas trata-se de um detalhe do teto da sala do nosso apartamento.

O que, à primeira vista, pode parecer os restos mortais de pernilongos esmagados impiedosamente contra a parede, na verdade são marcas de biribinhas.

Na foto, vocês enxergam um detalhe, mas o fato é que nosso teto contabiliza uma dezena de marcas geradas pela explosão daqueles pequeninos pacotinhos recheados de pólvora, que as crianças normais jogam NO CHÃO.

Não sei o que levou os dois a causar estes estouros da maneira mais difícil possível - sem o auxílio da providencial força da gravidade - mas o fato é que lá estava meu teto salpicado de pólvora e isso acabou me lembrando de outro episódio, desta vez NÃO protagonizado por eles, mas que acho digno de postagem neste blog.

A ocasião era o aniversário dos dois e optamos por uma festinha mais intimista, dentro de casa, com familiares e alguns poucos amigos.

Para animar a festa, a Carla havia comprado o que ela definiu como "um tubinho que solta serpentina e confete, tipo aquelas garrafinhas de plástico que soltam aquelas tiras de papel colorido, que você compra lá na 25".

Achei bacana e, na hora do parabéns, ela sacou o tubinho - um cilindro de papelão grosso de uns 30cm - e se posicionou para lançar os inofensivos pedacinhos de papel por cima de todos que aplaudiam nossos filhos.

Quando vi o tamanho do tubo, olhei para a prima da Carla, que estava ao meu lado, e comentei:

"Não sei... acho que isso talvez não seja uma boa id-" e, antes que pudesse completar a frase, vi a Carla torcendo o tubo e ouvi um BOOOM!!! ensurdecedor ecoando pelo apartamento.

Ao ser acionado, o tubo havia liberado uma enorme quantidade de energia e pedaços de papel compactados contra o teto, com uma violência que deve ter feito nossos vizinhos de cima se perguntarem se não estava ocorrendo um abalo sísmico.

A massa compactada que estava dentro do tubo explodiu ao atingir o teto, como se fosse um tiro de 12 contra um muro, e uma enorme quantidade de papel picado e fiapos do que algum dia tinha sido serpentina ricochetearam imediatamente para baixo, dando um bombástico e apoteótico fim à esperada "chuva de confete e serpentina" numa breve fração de segundo.

Fora o choque - e aquela desconcertante sensação de quase-morte - a cena toda foi muito divertida e os molex adoraram.

Aí, depois de varrermos o que parecia um lote de 20 toneladas de papel picado da nossa sala, fui ver de perto a arma que havia ocasionado o incidente. E lá estavam as instruções, o modo de usar, o fabricante e, um pouco menor, um item que talvez merecesse maior destaque na embalagem:

"Arremessa papel picado e serpentina a uma altura de 20 METROS".

Definitivamente precisamos aumentar nosso pé direito antes de dar outra festa.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

TCHAU PAPAI! VAMOS SENTIR SUA FALTA!

Passamos minha última semana de férias em Ubatuba, na incrivelmente aconchegante casa dos tios da Carla.

Tendo que voltar ao trabalho na segunda, dia 24 de janeiro (o dia 25 era um feriado, mas não emendamos), achei justo que os molex e a Carla tivessem a chance de aproveitar mais um dia de piscina, praia e sol, então decidi voltar para São Paulo antes deles.

Chegando a hora da minha partida, os dois se jogavam alegremente na piscina enquanto eu arrumava minhas malas, com o coração partido.

Cheguei até a beira da piscina e chamei meus filhos para a dolorosa despedida e ambos olharam para mim, inicialmente confusos e, depois de um instante com os olhos arregalados por terem se dado conta da importância daquele momento.

Os dois subiram para fora da piscina e eu me agachei para abraçá-los, sabendo que o momento provavelmente estava sendo tão duro para eles quanto para mim.

E aí os dois pararam a meio metro de mim e me disseram:

"Já que você vai pra São Paulo, você pode comprar uns jogos pro nosso Playstation?"

Os dois começaram a discutir entre si quais os jogos mais interessantes, até que eu os interrompi:

"Ei! Estou indo embora não para comprar jogos! Estou indo só porque tenho que trabalhar! Vou chegar tarde em casa e amanhã estarei no escritório o dia todo!"

Eles fingiram entender o momento emotivo, me deram um abraço molhado e se jogaram de novo na piscina enquanto eu encarava a longa e tortuosa viagem para casa.

Ao chegar, exausto, liguei para a Carla e não obtive resposta. Insisti durante algum tempo, mas só consegui estabelecer o contato horas depois, quando ela me ligou a quase uma da manhã.

Ela me informou que o Nick havia se queixado de fortes dores no ouvido e que todos tinham passado algumas horas no pronto-socorro de Ubatuba até que o pobre rapaz fosse devidamente medicado.

Ao me certificar com ela de que tudo estava bem, pedi para dar boa noite aos dois. O Nick, mesmo debilitado pelo suplício da otite, foi solícito e me desejou boa noite.

Aí o Tony ficou na linha e, ao pegar o telefone, me perguntou logo de cara se eu havia comprado os jogos que ele tinha solicitado.

Expliquei que não, porque a viagem havia sido longa e que já era mais que meia-noite, hora em que todas as lojas estavam fechadas, e ele imediatamente me respondeu, num tom um tanto quanto sarcástico:

"Estranho... sabe que nós estávamos no centro de Ubatuba agora pouco e estava TUDO ABERTO?"

Ou seja, não bastava eu ter cortado minhas férias com a família, viajado sozinho até São Paulo, pedido uma pizza meia-boca só para tapear a fome e me preparado para ir dormir melancólico, sabendo que eu teria que trabalhar numa segunda-véspera-de-feriado enquanto o resto da minha família estaria rolando na areia da praia.

Eu ainda teria que ir para a cama sabendo que meus filhos achavam que eu estava fazendo um BAITA CORPO MOLE por não ter ido atrás dos seus joguinhos de PS2 em plena madrugada de domingo.

E sabem qual é a coisa mais IMBECIL disso tudo?

É que eu realmente fui dormir me sentindo CULPADO!

sábado, 29 de janeiro de 2011

OS CARRINHOS DA DISCÓRDIA

Como já havia dito neste post aqui, tenho uma coleção de miniaturas de Fórmula-1 (não gosto que chamem de "carrinhos"), garimpada ao longo de duas décadas.

Não são brinquedos e, logo, não tem porque as crianças quererem brincar com eles. Mas entendo que meninos são meninos e a tentação é grande.

Felizmente, ambos respeitam a restrição com disciplina exemplar, o que não os impede de procurar por formas de burlar a norma, como por exemplo essa tentativa do Nick:

"Daddy? Can we play with the cars only a little bit?"
"Hm... no."
"OK... but DÁ VONTADE..."

Aí um dia o Tony, após uma minuciosa vistoria na coleção, foi até o quarto em que eu estava e me disse que queria brincar com o carro do Schumacher, que era dele.

Na hora, lembrei que tínhamos jogado Fórmula-1 no computador e que ele havia assumido o carro do Schumacher, uma Benetton. Imaginei que ele havia encontrado o modelo do carro que tinha pilotado no joguinho e queria brincar com ele.

Em tom gentil, disse que não, que aquilo não era brinquedo e que ele sabia disso.

Ele insistiu, dizendo que era dele o carro, e eu fui firme, insistindo que não.

O garoto saiu vermelho de raiva e, depois de um tempo, entrou a Carla no quarto, segurando a risada e me informando que o Nick, em defesa do irmão, havia instruído-a a:

"Vai lá, Mamãe! Mas vai com cara de muito brava. E fala muito brava com ele! E depois dá uns tapas nele até ele deixar brincar! Vai!"

Ela não fez o que o garoto pediu, mas me disse que ele estava chateado porque um dos carrinhos que estavam expostos era do Tony, e não meu - uma Ferrari do Schumacher que minha cunhada havia dado para ele há anos.

Fui até a sala ver e confirmei a gafe - lá estavam duas Ferrari do Schumacher, idênticas. Uma a minha e outra a dele, que estava lá dentro indevidamente.

Pedindo desculpas, dei ao rapaz o carrinho dele, assumindo que o erro havia sido meu. Os garotos sorriram felizes, mas continuavam olhando para mim, como se esperando por algo a mais.

Fui perguntar o que eles estavam olhando quando de repente vi a Carla piscando para os dois. E aí ela começou a me encher de tapas, para o delírio e alegria de ambos, que gargalhavam sonoramente enquanto eu era esbofeteado para fora da sala.

É como dizem: não basta ser pai - é preciso ser surrado pela esposa na frente dos filhos de vez em quando.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

FAZENDO O PRÓPRIO PRESENTE

Este ano, os molex ganharam um skate de Natal. Fui contra, por não gostar muito de passar noites em claro dentro do pronto-socorro, mas a voz da Carla é a voz de Deus e eles ganharam seus skates.

Eles adoraram, claro, mas para mim nada se compara ao que eles ganharam no Natal de 2009. Eles haviam pedido um Playstation e o bom e velho Papai Noel não os decepcionou.

Só que um Playstation sem jogos é tão interessante quanto uma casquinha sem sorvete.

Imaginei que o Bom Velhinho atenderia ao pedido deles, então me antecipei e comprei um monte de jogos para que eles tivessem o que fazer quando o presente chegasse.

Mas queria que os jogos tivessem algo de memorável, para marcar bem o momento. Então ao longo de dezembro, pedi que eles desenhassem coisas relacionadas aos jogos que eu havia comprado - uma partida de futebol, um carro de Fórmula-1, o James Bond, o Batman...

Como eles adoram desenhar, se divertiram à beça (alguém ainda fala "à beça"?) enquanto ilustravam os mais diversos temas e personagens, sem imaginar que eu tinha planos para estes desenhos.

Quando eles haviam desenhado todos os jogos que eu tinha comprado, escaneei as imagens e as usei como base para produzir capas personalizadas para cada jogo.

Aí, no dia do Natal, além de ganharem um Playstation novinho do Papai Noel, eles ainda ganharam da gente um kit personalizado de jogos, com capas que eles mesmos haviam ajudado a fazer.

Como sei que nada dura para sempre e que isso é ainda mais crítico quando estamos falando de crianças, achei mais seguro postar as tais capas aqui antes que elas se perdessem para sempre dentro daquele vórtex de brinquedos e afins que eles carinhosamente chamam de "quarto".