domingo, 26 de junho de 2011

CRIANDO HERÓIS

Post rapidíssimo de uma que ouvi ontem e achei digna de registro.

 Mostrei para os dois um caderno que eu tinha quando criança, na época que eu havia me interessado por histórias em quadrinhos e queria criar meus próprios heróis.



Aí eu disse que eles poderiam fazer o mesmo e exemplifiquei desenhando numa folha um novo “herói” que criei na hora. Rabisquei rapidamente uma cueca flutuante com dois sapatos e um chapéu, como se eles estivessem sendo usados por um homem invisível.

Eles argumentaram que aquilo não era um herói, e eu retruquei que sim, que era o “Invisible Cueca Man”, mas o argumento não colou porque, na visão crítica deles, super-herói não anda pra lá e pra cá só de cueca. Eu estava sendo RIDÍCULO.

De qualquer forma, eles entenderam o processo criativo e saíram desenhando, me mostrando cada novo personagem, com nome e tudo.

Aí vinham me apresentar heróis como o Olhudo, Homem Pelo, Homem Godzilla, Velocidade, Homem Cachorro e uma infinidade de heróis com nomes e características que, sabe-se lá por que, o Stan Lee acabou não pensando quando criou seu incrível universo Marvel.

Mas de todos, o com nome mais, como direi, interessante foi um que o Nick falou, mas que infelizmente desencanou de desenhar: o HOMEM BATMAN.

Partindo do pressuposto de que Batman é um homem que se fantasia de morcego, o que seria um Homem Batman? Um homem que se fantasia de um homem que se fantasia de morcego?

quinta-feira, 16 de junho de 2011

QUEIMA O DINHEIRO, IAIÁ... QUEIMA O DINHEIRO, IOIÔ

Junho é sinônimo de Festa Junina e, pra quem é pai, sinônimo de GASTAR DINHEIRO EM QUERMESSE ESCOLAR.

E, claro, para quem é pai de gêmeos, estes custos são dobrados.

Mas o que me irrita é pensar que, tivessem os molex um pouquinho que fosse de boa vontade, talvez isto não fosse tão contundente no meu bolso.

Não pelo que eles gastam na festa em si, porque nada mais natural do que comer todas as guloseimas e participar de todas as brincadeiras. Faz parte e é divertido partilhar essa diversão com eles.

Estou falando do que antecede a festa: a famosa rifa.

Fiquei sabendo numa quinta-feira à noite que a Festa Junina deles seria no sábado seguinte, menos de dois dias depois.

Perguntei se haveria apresentação, coisa e tal, e ambos me informaram que sim, mas que o importante era eu comprar uma rifa deles, porque o prazo para a entrega dos canhotos era na sexta, àquela altura conhecida por AMANHÃ.

Inocentemente, perguntei quantas eles já haviam vendido, me predispondo a comprar as 3 ou 4 folhinhas que eles não tinham conseguido vender para amigos, amigas, primos, tios, avós, professores, vizinhos, conhecidos, etc.

Como eu esperava, a resposta foi “3”.

Só que, após um breve momento de alivio, descobri que o “3” não se referia à quantidade que faltava, mas sim à quantidade VENDIDA.

De posse dos carnês por um período de 3 ou 4 semanas, os garotos haviam realizado a proeza de vender TRÊS míseras rifas, restando para este pai compreensivo a tarefa de desembolsar o que faltava para arrematar as demais 17 rifas (a custo de R$ 3,00 cada).

Ao pegar minha carteira para efetuar o pagamento, deliberei sobre quem tinham sido os 3 generosos compradores que haviam contribuído para o evento dos molex, e peguei os carnês para ver os nomes.

E qual não foi a minha surpresa ao descobrir que os tais “generosos compradores” eram eu, minha esposa e minha sogra.

Ou seja, não só eu teria que pagar as 17 rifas que faltavam, eu ainda teria que pagar as 3 que “eu” já havia adquirido.

Resumo da ópera: paguei R$ 60,00 e os dois puderam ir para escola no dia seguinte com seus carnês integralmente vendidos, no que deve ter parecido uma demonstração de distorcidos valores familiares: nem precisa se esforçar para vender, filhão, porque o Papai compra tudo pra você!

Ao chegar em casa na sexta, a boa surpresa: a festa não era naquele sábado, mas no SEGUINTE. Reclamei:

“Não acredito! Eu comprei todas as rifas e vocês ainda tinham uma semana inteira para tentar vender?!”

Ao qual eles responderam, me tranquilizando:

“Tudo bem, Daddy! Não tem problema! A gente pega mais rifas para você comprar!”

quinta-feira, 9 de junho de 2011

MAIS JOGOS, TRAPAÇAS E DOIS MANOS FULMINANTES

Depois do último post, mais um sobre o mesmo tema: jogos.

Temos o jogo "Cara-a-Cara" em casa, mais precisamente a variante que tem os personagens da Turma da Mônica.

Para quem não conhece, ganha o jogo quem acertar o personagem que está na carta do adversário, e o processo para a descoberta se baseia em perguntas que só podem ser respondidas por "sim" ou "não".

É um processo de eliminação lógica, em que o primeiro a afunilar as opções a um só personagem ganha.

Vi uma partida dos molex como observador neutro, assistindo atentamente aos dois perguntarem se o personagem era menino, se usava óculos, se usava chapéu, e outras perguntas do gênero.

E fiquei um pouco curioso ao ver que, após ter conseguido reduzir as opções a uma única possibilidade, o Nick havia chutado o personagem Anjinho e o Tony havia mostrado a carta da Tina, indicando que o Nick havia comido bola em algum lugar do caminho.

Como havia chutado errado, o Nick perdeu a rodada, e eu decidi prestar mais atenção na movimentação de ambos, fazendo as vezes de auxiliar técnico para evitar que um simples errinho de atenção pudesse estragar a brincadeira deles.

O jogo começou e o Tony perguntou se o personagem do Nick era um menino.

O Nick respondeu que não, fazendo com que o Tony tirasse de jogo todos os personagens masculinos. Aí percebi um que ele havia esquecido e o alertei:

"Ei... aqui. Você esqueceu deste..."
"Não, não... este não é menino."
"É sim!"
"Não é! Todo mundo sabe que ele não é menino!"

Minha opinião era irredutível, a do Tony também era. E percebi que insistir nessa disputa seria como discutir o sexo dos anjos: não daria em nada.

O engraçado é que estávamos justamente discutindo o sexo do ANJINHO.

E isso é algo que, descobri hoje, ATÉ UMA CRIANÇA DE 7 ANOS sabe que não é nenhuma coisa nem outra.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

JOGOS, TRAPAÇAS E DOIS MANOS FULMINANTES

Um momento bacana que tive com os dois recentemente foi o de retomar o hábito de jogar um JOGO DE TABULEIRO.

Apesar do mundo virtual e dos videogames, os jogos de tabuleiro ainda existem e, por incrível que pareça, exercem nas crianças de hoje a mesma magia daqueles sombrios tempos pré-Nintendo.

Um dos jogos chamava-se "Lince - Super-Heróis Marvel", algo de regras simples e rápido, mas que divertiu bastante a molecada.

O resultado deste jogo foi que o Nick DESTRUIU a gente com propriedade (a conta final foi 10 pra ele, 5 pro Tony e 4 pra mim), e não, eu não "deixei" ele ganhar - foi na base do talento mesmo.

Mas, ao jogar, lembrei de uma outra vez em que jogamos o famoso jogo da memória com eles, quando eram bem pequenos.

A gente jogava na mesa da sala e, cada vez que algum deles conseguia acertar um par, era uma festa como se eles tivessem ganho a Copa do Mundo.

Só que em determinado momento do jogo, comecei a notar duas coisas. Uma era que o Tony estava acertando quase tudo, e a outra era que ele tinha um estranho ritual antes de escolher suas cartas: ele tirava a primeira, olhava para ela com atenção e, lentamente se agachava, como que se encolhendo na cadeira.

Ele ficava assim durante alguns segundos, num estado de concentração total, e se levantava triunfante, escolhendo a carta certa com uma frequência que anulava a hipótese do acaso.

Era como se ele conseguisse enxergar através das cartas, o que me lembrou de um delicioso conto que eu havia lido como criança: "A Incrível História de Henry Sugar", do genial escritor galês Roald Dahl.

No conto, o tal Henry Sugar aprende uma técnica de concentração que o permite conseguir ver através das cartas e fazer fortuna nos cassinos. A história é maravilhosa e a ideia de ter um filho com visão raio-X é melhor que ganhar na Mega Sena, mas eu achei que seria uma boa ideia tentar racionalizar o ocorrido antes de dar um pé na bunda do meu emprego.

E ao prestar atenção no ritual todo do menininho, percebi que o tampo da mesa da sala era de vidro e tinha meio centímetro de espessura.

A medida é relevante porque o Tony, aos 2 anos de idade, havia sacado o princípio básico da reflexão da luz ao perceber que, em determinado ângulo, ele conseguia ver projetado na mesa o reflexo da carta que estava na superfície do vidro.

Ou seja, ele VIA a cor das cartas por causa no reflexo que ela fazia e acertava tudo.

Foi a última vez que jogamos sem uma toalha de mesa.