segunda-feira, 30 de agosto de 2010

INOCENTE ATÉ QUE SE PROVE O CONTRÁRIO. OU NÃO.

Pegando carona neste post anterior, lembrei de um episódio interessante relacionado ao tema.

Passando pela sala, detectamos um hominho desenhado na parede. O desenho tinha o estilo característico do Tony e na hora o chamamos para prestar seu depoimento.

Perguntamos quem tinha feito o desenho e ele parou, colocou a mão no queixo e contemplou os rabiscos tal qual um paleontólogo se deparando com hieróglifos numa pirâmide. Segue o diálogo com a Carla:

“Hmmm... tô achando que foi o Nick...”
“Ah é? Então eu acho que vou ter que colocar o Nick de castigo, né?”
“Isso, mamãe. Põe ele de castigo.”
“Tony! Você sabe que foi você e não o Nick que fez este desenho, né?”
“(suspiro) Sim...”
“Então você ia deixar ele ficar de castigo por algo que você fez?”

Nisso o Tony se aproximou, abraçou a Carla carinhosamente e disse: “Desculpa, mamãe...”

A atitude emocionalmente chantagista pode não ter isentado o Tony do castigo, mas com certeza fez com que a Carla se sentisse muito mais culpada por deixá-lo CINCO MINUTOS pensando sobre o assunto no quarto.

O fato é que ele aprendeu que, mesmo tendo errado, há benefícios em abrir o jogo e demonstrar arrependimento.

O melhor exemplo disso foi quando apareceram uns desenhos na mesa da sala (não em papéis sobre a mesa, mas NA mesa). Ao serem confrontados com os rabiscos, ambos negaram veementemente e a Carla disse que, se ninguém assumisse a autoria do crime, ela iria deduzir que ambos fossem culpados. Mesmo assim, ninguém admitiu.

Aí, em determinado momento, ela foi para a cozinha e eu tentei uma última cartada, falando quase como cúmplice dos dois.

“Vocês sabem que ninguém apanha nesta casa, né? A gente só quer saber a verdade, só quer que a pessoa que fez isso diga quem foi. Poxa... a gente quer que vocês tenham a porta aberta para falar com a gente mesmo quando as coisas ficam complicadas, e a única forma de fazermos isso é com vocês confiando na gente e a gente confiando em vocês...”

Fiquei nesse bla bla bla ético durante alguns minutos enquanto ambos me observavam com atenção, analisando meu papel de conciliador nessa história toda. E aí um deles se manifestou.

“Então... fui eu...”

Fiquei feliz e na hora quis demonstrar que o que eu havia falado era a verdade. Ele não seria punido, mas expliquei que o que ele havia feito era errado e pedi para ele nunca mais fazer isso, etc.

Ele balançou a cabeça humildemente, prometeu não fazer mais isso e os dois foram dispensados da mesa para brincar no quarto.

Fui para a cozinha e relatei o ocorrido à Carla, que sorriu levemente e disse:

“Quem você falou que assumiu a culpa?”
“O Tony.”
“ Você viu os desenhos?”
“Sim. O que que tem?”
“São do Nick. Pode comparar com qualquer desenho dele.”

Ou seja, o Nick fez os desenhos e o Tony, ao perceber que ganharia pontos por assumir a culpa (e ao ter certeza de que ninguém seria punido por isso), decidiu "confessar" e sair como o grande herói da história. Praticamente um Tiradentes.

O fato do Nick ter PERMITIDO que o Tony fizesse isso é algo digno de estudo, mas o que me intriga de verdade é o seguinte: como é que alguém consegue utilizar duas maneiras completamente antagônicas para lidar com uma mesma situação - "Foi o Nick" e "Fui eu" - e mesmo assim sai de ambos os casos como um BAITA DUM MALANDRO SAFADO?

sábado, 28 de agosto de 2010

VARIANDO O CARDÁPIO

Sempre fizemos questão de oferecer um cardápio que fosse o mais variado possível aos dois, incentivando assim o desenvolvimento de um paladar mais apurado, capaz de detectar as nuances de cada especialidade gastronômica.

Isso inclui, por exemplo, expor os dois a sabores que não costumam ser habituais no nosso dia-a-dia, como pratos típicos de outros países e culturas.

O legal é que com isso você acaba percebendo as diferenças entre os gostos pessoais de cada um, como vocês podem ver nas fotos abaixo.

Enquanto o Tony adora comida japonesa, o Nick prefere a havaiana.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

A ARTE DE ESTAR GERUNDIANDO EM INGLÊS

Já havia comentado sobre alguns “deslizes” bilingues cometidos pelos molex aqui, mas acabo de lembrar de uma boa do Nick que acho digna de postagem.

Outro dia ele utilizou o gerúndio de uma maneira tão inesperada, e ao mesmo tempo carregada de lógica, que acho que nem o mais experiente operador de telemarketing “estaria conseguindo” fazer.

Tudo bem que foi em inglês, mas o raciocínio foi maravilhoso.

Eu tinha pedido que ele tirasse a roupa para colocar o pijama, mas é claro que tudo se sucedeu em câmera lenta, com direito a divagações e devaneios mil, o que tornou uma simples troca de roupas num processo cansativo e interminável.

Então fui obrigado a ser mais contundente e falei, num tom mais áspero:

“Nick! Take off your clothes NOW!”

Ao qual ele respondeu com:

“I’M TAKE OFFING!”

SOBRE CANETAS E PAREDES

Parece que há um magnetismo que atrai crianças com canetas às paredes, por mais que elas saibam e “entendam” que existem lugares certos para desenhar.

Pensando nisso, compramos uma lousa branca para que eles pudessem desenhar com suas canetinhas à vontade, numa superfície vertical tal qual uma parede, extravasando assim seus impulsos mirins de aprendiz de pichador.

Ao dar o presente, reforçamos que as paredes NÃO ERAM lugar de desenho e que toda e qualquer manifestação artística deveria ocorrer aí, na lousa.

Os dois entenderam direitinho, balançando a cabeça obedientemente enquanto esperavam impacientes pelo fim das explicações para, finalmente, poderem começar a desenhar.

Deixamos eles rabiscando alegremente e saímos da sala para assistir a um filme e, alguns minutos depois, com o efeito da novidade tendo passado, o Nick se juntou a nós.

Após um tempo, a Carla foi para a sala e ouvi ela exclamando:

“Nossa Tony! Que lindo! É a gente?”

Me levantei para ver o que ele havia desenhado e me deparei com um simpático desenho de uma família, com papai, mamãe e dois menininhos.

Enquanto a Carla elogiava o desenho, o Tony ficava de pé, uma mão na cintura e outra encostada na parede, uma pose meio cool e blasé, como tivesse plena consciência de seus incomensuráveis dotes de artista.

Mas algo no rosto dele quebrava a atmosfera “descolada” que ele tentava passar: uma vez a cada 2 ou 3 segundos, ele olhava desconcertado para a mão que estava na parede, como se estivesse tentando ver se alguma coisa que ele queria manter escondida estava visível.

Percebendo no ato o que havia acontecido, a Carla perguntou o que ele estava escondendo com a mão.

Ele olhou para ela com curiosidade por alguns instantes, contemplativo, e respondeu:

“O quê?”

Com isso, ele ganhava alguns segundos adicionais de vida para planejar uma improvável, mas não inteiramente impossível, fuga.

Mas a insistência da Carla o obrigou a finalmente ceder e revelar o que se escondia por trás da sua mão: um pequeno círculo em caneta vermelha na parede.

Fiquei pensando um pouco sobre a situação toda.

O fato dele ter escondido o risco na parede significa que ele SABIA que era algo errado e que a única forma que ele tinha de não levar bronca por isso seria esconder o desenho ETERNAMENTE.

Na teoria, isso até seria possível. Afinal, pais conscientes que somos, nunca deixaríamos que ele morresse de fome só por não poder se dirigir à mesa do jantar, por exemplo. Mas, se ele sabia que nós nunca poderíamos ver o desenho porque era errado ele ter feito na parede, PRA QUÊ FAZER?

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

DEDUÇÕES LÓGICAS

O desenvolvimento de um raciocínio lógico na criança é algo muito interessante de se acompanhar.

Este exemplo, de dezembro de 2004, mostra bem como funciona o este processo de aprendizado na cabeça de uma criança (bebê?) de um ano e meio.


1. Experiência: O que acontece se eu oferecer este quibe para meu irmão?



2. Resultado: Ofereci um quibe para o Nick e ele comeu sem vacilar.


3. Dedução Lógica: Ele come qualquer coisa. Logo, tudo bem se eu enfiar este LIMÃO INTEIRO na sua boca.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

JESUS, THE DODÓI MAN

Fizemos questão de não IMPOR nenhum tipo de religião – ou não-religião – nos molex, deixando esta escolha para eles quando tiverem idade suficiente para decidir o que devem ou não acreditar.

Isso, claro, não impede que eles esbarrem em símbolos religiosos por toda a parte, ainda mais em um país predominantemente católico como é o caso do Brasil.

E um dia estávamos numa cantina e o Tony percebeu um crucifixo na parede do restaurante.

Claro que, ao se deparar com aquilo, ele quis saber do que se tratava, e perguntou:

“Daddy... who is that DODÓI MAN there?”

Antes que eu pudesse pensar numa forma menos, digamos, traumática de explicar a cena para uma criança de 4 anos, a Carla se adiantou e respondeu, de maneira clara e didática:

“Este é Jesus. E ele está aí porque foi CRU-CI-FI-CA-DO.”

Olhei para os dois que fitavam a Carla com seus olhos arregalados de terror. A Carla também deve ter percebido a gravidade com que eles haviam assimilado a informação porque na hora tentou remediar o comentário com:

“Mas tudo bem! Por que isso faz muuuuuuuuuito tempo!”

Ah bom! Então beleza!

domingo, 22 de agosto de 2010

AS CRIATURAS ALÉM DA ESCADA DE VOVÓ

Meus pais moram em uma chácara em Mairinque e, sempre que possível, passamos o dia lá para escapar do cinza paulistano.

Claro que, para duas crianças urbanas, de repente se encontrar em um ambiente repleto de cães (meus pais têm SEIS sheepdogs e uma pastora branca), galinhas, patos, insetos e afins pode causar uma série de dúvidas e receios.

Outro dia, minha mãe ia descer para dar de comer aos patos e galinhas e perguntou ao Tony se ele queria ir com ela. Ele aceitou na hora e lá se foram os dois carregando um balde cheio de verduras picadas.

Logo no primeiro degrau da escada, olhando para todos os lados e desconfiado, o Tony decidiu se precaver contra os integrantes do reino animal que poderiam cruzar seu caminho, e a seguinte conversa se desenvolveu enquanto ambos desciam a escada:

“Mas aqui tem cachorros?”
“Não, não... eles estão trancados lá em cima.”
“Ah tá... mas e abelhas?”
“Bom... abelhas talvez tenha uma ou outra, mas elas não fazem nada se você não fizer nada pra elas, né?”
“É... “

Eles desceram mais alguns degraus e, chegando ao fim da escada, ele se virou para ela e perguntou, com os olhos preocupados:

“Mas e as SANGUESSUGAS?!”

Partindo do pressuposto que meus pais não vivem num PÂNTANO, que meus filhos nunca sequer viram uma sanguessuga de verdade e que elas raramente atacam em ENXAMES AÉREOS, imagino que devo creditar esta preocupação à boa e velha televisão?

sábado, 21 de agosto de 2010

ACIDENTE COM DODGE VIPER CAPTURADO EM VÍDEO!

Para a maioria das pessoas, o grande responsável pela aposentadoria de seu videocassete foi a chegada do DVD.

Para nós, foi um Dodge Viper RT10 e uma cenoura (como são raras as ocasiões em nossa vida que possibilitam colocar estes dois objetos em uma mesma frase...)

P.S. Infelizmente, não temos foto da cenoura.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

FESTAS FRUSTRADAS

Este post talvez estivesse mais em casa na seção AUTOBIZARROGRAFIA do meu outro blog, mas, como os dois estiveram diretamente envolvidos com os acontecimentos, achei mais pertinente colocar aqui (até para que eles não se esqueçam nunca do pai que têm).

Como toda criança, eles são chegados numa festa e, sempre que pinta uma, fazemos questão de ir. Mas isso não aconteceu duas vezes. E em ambas as vezes fui mais ou menos responsável por isto.

A primeira foi na festa do filho de um amigo de agência, num buffet infantil. Confirmei a presença na festa, compramos presente e eu ainda comentei para a Carla – que tem uma confecção infantil – que toda festa é uma grande oportunidade de “mostrar o portifólio”. Por isso, sugeri que ela fizesse duas camisas bem bacanas para que os molex arrasassem na festinha, causando interesse das mães presentes. Esperto, né?

Claro que fui sugerir isso na noite anterior à festa, o que obrigou a Carla a ficar até de madrugada costurando, mas enfim o resultado ficou espetacular.

Sábado, acordamos tarde, fomos almoçar e vestimos os molex com suas camisas novas e transadas. A Carla me perguntou o horário da festa e o convite estava no carro, mas eu lembrava de ter visto "16h00", mas achei que seria meio deselegante ser o primeiro a chegar. Então decidimos sair de casa umas 16h15, porque o local da festa era relativamente perto.

Enrolamos um pouco e, no horário combinado, descemos até o carro, prometendo horas de diversão e alegria com um monte de brinquedos para os dois, que olhavam para nós com os olhinhos brilhando.

Entramos no carro e eu peguei o convite para confirmar o endereço e vi o horário da festa. De fato, eu tinha visto 16h00 no convite, mas este era o horário de ENCERRAMENTO da festa. Ela começava 12h00.

Esperando que a Carla e os molex vissem o lado engraçado da história, informei este infeliz infortúnio a todos no carro, e fui recepcionado por um silêncio sepulcral. No caso da Carla, este silêncio se estendeu pelo resto do dia, a não ser por um resmungos dos quais eu pinçava algumas palavras tipo “madrugada”, “costurando”, “irresponsável” e algumas outras coisas que não posso publicar neste blog.

Aparentemente ninguém mais viu o lado engraçado da coisa.

A outra ocorrência foi quando um amigo meu– que morava em Curitiba, mas vinha com frequência para São Paulo – me mandou um e-mail nos convidando para o chá de bebê dele. Pena que não tenho o convite ainda, porque não lembro exatamente o endereço, mas me recordo que era num apartamento (11º andar) no bairro de Ecoville, que é um residencial no quilômetro 42 da Rod. Castello Branco (sentido Itu).

Como passo em frente ao condomínio toda vez que vou visitar meus pais em Mairinque, fiquei feliz em finalmente ter a oportunidade de brincar nos verdes gramados de Ecoville com a criançada, então lá fomos nós no dia da festa (tive que convencer a Carla a ir porque ela estava lotada de trabalho naquele fim de semana, mas ela eventualmente sacrificou o dia de produção e aceitou.)

40 minutos depois de sairmos de casa, aportamos na portaria do condomínio. O segurança me perguntou em que lote eu ia e eu respondi o nome da rua e o número do prédio.

Ele nos olhou confuso por um instante e nos disse que aquela rua não existia. Mostrei o convite e ele falou que Ecoville era aí mesmo, mas que ele desconhecia a rua e achava curioso o fato de ser um apartamento – ainda mais no 11º andar – já que o lugar era um RESIDENCIAL em que era proibida a construção de edifícios.

Até faz sentido, porque quem é que iria se mudar para fora de Sampa, buscando qualidade de vida e verde, PARA SE ENFIAR NUM PRÉDIO DE APARTAMENTOS COM MAIS DE 11 ANDARES, NO MEIO DO NADA.

Tentei ligar para meu amigo, mas ele não atendeu e acabamos voltando para casa, de novo no MAIS COMPLETO SILÊNCIO.

A única coisa que a Carla falou a viagem toda foi “de novo... de novo...”

Chegando em casa, pesquisei na internet o endereço e... surpreendentemente, descobri que existe um bairro chamado Ecoville EM CURITIBA.

Claro que, pensando agora, não faz muito sentido alguém que mora em Curitiba e que fica na casa dos pais – no Campo Belo – quando vem pra São Paulo, decidir fazer o chá de bebê dele num condomínio em ARAÇARIGUAMA.

Mas sei lá. Na hora me pareceu uma boa ideia.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

VIROU? SE VIRA

Outro dia meu irmão Uncle Bugz estava em casa para jantar com a gente. Enquanto conversávamos na sala, o Tony assistia a um filme e o Nick brincava inocentemente com um desses programinhas de desenho no computador, tipo Paint.

De repente, a Carla foi até a sala do computador para ver se estava tudo em ordem e voltou com um olhar enigmático no rosto.

“Olha... não sei como, mas o Nick conseguiu virar a tela do computador...”

Como não ouvimos aquele som distinto e desconcertante de MONITOR DE CENTENAS DE REAIS SE ESPATIFANDO NO CHÃO, ficamos imaginando como uma criança de 2 ou 3 anos poderia ter silenciosamente virado um monitor que pesava mais que ela mesma, sem que ninguém percebesse.

Chegando lá, vimos que o Nick tinha feito exatamente o que a Carla havia dito: virado a TELA e não o MONITOR TODO, como vocês podem ver na foto abaixo:


Nem eu e nem o Uncle Bugz (que é um notório COMPUTER GEEK) tínhamos a mais remota ideia de como ele havia realizado a façanha e tivemos que surfar na internet atrás de informação que nos ajudasse a resolver o problema.

Só que tudo DE LADO, com o cursor indo pra cima quando a gente arrastava o mouse para a direita, para o lado quando a gente descia... até que, depois de uma eternidade apanhando do computador – que nos encarava torto com uma espécie de sarcasmo velado – finalmente achamos uma combinação de teclas que resolveram o problema (pra quem quiser experimentar, Ctrl + Alt + Seta pra Cima).

Enquanto fazia seus riscos e quadrados no programinha, o Nick havia esbarrado nesta combinação por puro acaso, descobrindo assim um bizarro e aparentemente inútil comando do Windows.

Problema resolvido, mas a dúvida persiste até hoje.

O que levaria alguém a QUERER virar sua tela em 90º? E, pior ainda, por que alguém iria querer fazer isso com TANTA URGÊNCIA que justificasse a criação de um SHORTCUT NO TECLADO?

sábado, 14 de agosto de 2010

DESCARGA DE CONSCIÊNCIA

Sou fissurado por guitarras e toco desde os 13 ou 14 anos, mas, depois que os molex nasceram, o tempo que pude dedicar ao instrumento diminuiu consideravelmente.

"Hah... nada mais natural," vocês devem estar pensando.

"Com dois filhos pequenos em casa, o trabalho é tanto que não dá tempo de ficar viajando em intermináveis solos de guitarra, né? Afinal, não basta ser pai, tem que PARTICIAR!"

Mas não. Não é isso.

O motivo foi bem menos nobre, como vocês podem conferir na foto abaixo:


Eu adorava esta palheta... RIP, purple alligator pick.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

PASTAS

Não lembro qual a justificativa que o Tony deu para “utilizar” o Hipoglós desta forma pouco habitual, mas acho interessante o ar de completa surpresa e perplexidade que ele demonstra ao ser flagrado com a mão na... ehm... massa?

É como se estivesse dizendo: “Nossa! Sei lá o quê aconteceu! Juro que estava só segurando a bisnaga quando ela explodiu na minha mão!”

De qualquer maneira, esta foto me lembrou de um outro episódio envolvendo este produto tão importante para os pais no combate às assaduras dos filhos.

Como de praxe, uma boa lambuzada com Hipoglós na região íntima era parte do ritual pré-cama dos dois. Tanto que, a certa altura, eles mesmos já traziam a bisnaga – geralmente em condições melhores do que a da foto – para que nós aplicássemos neles.

Até que, claro, o Tony decidiu demonstrar a tão valorizada PROATIVIDADE e optou por passar o Hipoglós em si mesmo, dispensando o auxílio de nós, adultos.

A atitude até que seria válida, não fosse o fato dele ter feito isso sozinho no banheiro, sem ao menos ter se dado o trabalho de ligar a luz.

Minha cunhada, intrigada com os sons que escutava de dentro do banheiro escuro, abriu a porta e se deparou com o Tony sem cueca, tubo de pasta de dente na mão, bumbum todo lambuzado (fiquem calmos – era aquela pasta infantil Tandy, que não arde) e provavelmente a mesma expressão de PERPLEXIDADE da foto acima.

Acho que temos que tirar algumas lições do ocorrido.

A primeira é que, por mais que seja importante a causa do combate às cáries, há limites para a eficiência de uma pasta de dente.

A segunda - e mais importante - é: se é pra colocar alguma coisa nas suas nádegas, pelo menos LIGUE A LUZ PRA VER O QUE VOCÊ ESTÁ PASSANDO.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

A GRAMA É SEMPRE MAIS VERDE DO OUTRO LADO DO BERÇO

Post rápido, mas de teor educativo. Eis o momento exato que marcou a transição da fase berço para a fase cama. A mudança ocorreu por motivos óbvios. Afinal, cair de cabeça num colchão é uma coisa e NO CHÃO DURO é completamente diferente.

O que chama atenção nesta sequência de fotos é o seguinte: notem como o Nick (o do berço da direita) se movimenta pelo colchão, durante a “travessia” do Tony, deixando claro o quanto o processo DEMOROU.

Só a título de curiosidade, a fase mais demorada da operação toda foi a parte do meio – em que o Tony ficou pendurado como um trapo na grade, com o tronco de um lado e as pernas do outro.

Finalmente ele conseguiu dar o impulso necessário para se projetar até o berço do Nick e, no dia seguinte, estava dormindo numa nova cama, a seguros 20cm do chão.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

GENTILEZA

Estou cansado.

Trabalhei o fim de semana todo e fiquei na agência até mais de meia noite na segunda.

Não estou me fazendo de vítima, uma vez que o trabalho era algo que queríamos muito realizar, mas nesta empreitada acho que decepcionei meu pai e meus filhos por ter deixado o Dia dos Pais passar batido.

Claro que liguei para o meu pai no dia e fiz questão de jantar com meus filhos, mas trabalhar no Dia dos Pais não tá certo.

Ainda mais quando você entra no banheiro de noite e descobre que, por livre e espontânea vontade, tiveram o trabalho de colocar pasta de dente na sua escova para que você tivesse um pouquinho menos de trabalho no seu dia.

A gente reclama da vida, do trânsito, do chefe, do trabalho, de tudo... e fica com a impressão de que o mundo não tem mais jeito.

Aí vem uma pessoinha de 6 anos e mostra que ainda existe esperança.

Pois é. Gentileza gera gentileza...

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

O DIA QUE COMPROVAMOS A EXISTÊNCIA DE JAPONESES ENTRE NÓS

A descoberta do mundo pelas crianças é um período mágico para elas e cansativo para os pais, já que elas fazem questão de relatar - nos mínimos detalhes - cada uma das milhares de novidades que vêem à sua volta todos os dias.

Só que, além de cansativo, este hábito também tem o potencial de ser estranhamente constrangedor.

Não faz muito tempo, estávamos num supermercado, na fila do check-out, esperando pela nossa vez. Aí veio um senhor, com seu carrinho de compras, e ficou atrás de nós na fila. Até hoje não consegui entender o que se sucedeu a partir daí.

O Nick percebeu a presença do homem, um japonês de uns 40 anos, e o ficou encarando como se ele tivesse quatro braços ou lepra. Pelo olhar fixo, eu já imaginava que vinha algo TRÁGICO pela frente, mas antes que eu pudesse fazer qualquer coisa, ele se virou para a Carla e apontou o dedo para o homem, falando (alto): “Olha mamãe! Um japonês! Você viu? Um JAPONÊS!”

O homem começou a ficar meio sem jeito e olhava para os lados, provavelmente para ver se mais alguém estava DESLUMBRADO pela sua presença.

A Carla preferiu nem olhar para o pobre homem e fingiu que não tinha ouvido, mas isso só fez com que o Nick insistisse ainda mais na grande descoberta que tinha feito: “Mamãe! Ei mamãe! Olha o japonês!”

Vendo que seria impossível simplesmente ignorar a situação, demos um sonoro “SHHHHHHHHHHHHH!!!!” no Nick, o que finalmente fez com que ele parasse. Aí ficamos eu e a Carla olhando para a frente, sem coragem de encarar o pobre moço, simplesmente porque não tínhamos a menor ideia do que dizer para ele.

Especialmente pelo fato de que moramos em SÃO PAULO, que tem a MAIOR CONCENTRAÇÃO DE JAPONESES FORA DO JAPÃO, e um dos melhores amigos dos molex SER JAPONÊS, não existia o menor motivo para este bizarro “estranhamento” por parte do Nick.

É por isso que, enquanto a maioria das pessoas tem fobias de coisas como alturas, aranhas, baratas e afins, o meu maior medo é de algum dia estar andando com os dois pela rua e dar de cara com um anão vindo em nossa direção. Tenho PESADELOS com isso. Porque tenho certeza absoluta que a reação deles vai me causar o momento de maior vergonha de toda a minha vida.

domingo, 8 de agosto de 2010

ONE GATINHA

Outro dia fui almoçar com os dois na Padaria Real, lá perto da MTV. Era um sábado e a Carla estava envolta em atividades profissionais, o que havia me promovido a título de "babá".

Sentamos para comer e, na mesa ao lado, sentaram um casal de palmeirenses e o pai de um deles. O almoço – tanto nosso quanto deles – transcorreu tranquilamente e eu pedi a conta ao garçom.

Aí chegou a conta e eu me levantei para pagar quando o Nick se virou para a moça na mesa do lado e disse “vmmmlds... “ timidamente.

Ela sorriu para ele e, como não havia entendido, perguntou: “Que foi, meu anjo?”

Ao qual a resposta foi: “Você é uma gatinha...”

Fiquei na hora com a sensação de que o namorado da menina se perguntaria o porquê de um menininho de 4 anos dizer isso para a namorada dele, do nada, deduzindo que a criança estava meramente replicando os comentários do pai safado.

O cara estava com uma camisa da Mancha Verde e eu sinceramente não queria ter que explicar que eu nem tinha percebido a presença deles durante o almoço. Mas, felizmente, o incidente não teve desdobramentos e a moça apenas foi pra casa com o ego um pouquinho inflado.

Depois, no carro, perguntei pro Nick o motivo do comentário. E a resposta dele, encabulado, é algo que nunca mais vai sair da minha cabeça:

“Because she was one gatinha” (sic).

Vou falar o quê?

HOW CAN I SAY "EMBROMATION" IN ENGLISH?

Uma das particularidades do meu relacionamento com os molex é o fato – pedante, para muitos – de falarmos exclusivamente em inglês.

Faço isso porque meu pai sempre falou inglês comigo e, como resultado, falo o idioma naturalmente. Fora que vou economizar uma bala com escolas de inglês.

Pensando nisso lembrei de três cenas inusitadas em que faltou a palavra em inglês no meio de uma conversa, obrigando os dois a improvisar.

A primeira foi quando fui conhecer a escola deles, numa apresentação de fim de ano. Empolgadíssimos, os dois me deram um tour pelas dependências do local.

Aí o Tony queria me mostrar a tartaruga da escola e soltou a seguinte pérola:

“Come Daddy! Come! You have to see our... ehm... our... TARTARUG” com sotaque e tudo.

Depois, quiseram me mostrar uma casinha que a escola tem no playground. Eles haviam me dito que, na hora do recreio, fingiam que a inocente casinha era uma espaçonave em que eles – respectivamente Wolverine e Homem Aranha – batalhavam contra as forças de Galactus, o devorador de planetas.

Ao ver a casinha, perguntei se aquela era a famosa espaçonave deles. E, com um olhar grave e um suspiro, o Tony me esclareceu:

“No Daddy... this is a house...”, como se eu fosse o ser humano mais estúpido do universo, incapaz de discernir uma casinha de madeira de uma imponente ESPAÇONAVE INTERGALÁCTICA. E aí ele continuou:

“We just... FINDGE it is a spaceship.” (aos que não sacaram, do verbo FINGIR).

E a última foi do Nick, quando fomos ao McDonald's. Perguntei o que eles queriam comer e o Nick disse que queria "cheesburger and BATAYTOS".

sábado, 7 de agosto de 2010

SAMBA, CAIPIRRINHAS AND MOO-LAH-TAS

Apesar de minha malemolência e ginga contagiante, não costumo frequentar os chamados “sambões” a não ser que me obriguem. Mas, há uns 2 ou 3 anos fomos em um, localizado no Largo de Pinheiros, em função do aniversário de uma amiga e, claro, levamos os dois.

Sabendo que uma roda de samba não é exatamente o SONHO DE CONSUMO de duas crianças de 3 anos, comprei dois bonequinhos de super herói para que eles pudessem brincar um pouco enquanto nós cumpríamos com nossas atividades “de gente grande”.

O lugar não era muito grande e estava LOTADO, então eu sabia que teríamos que criar um plano de contenção eficiente para que os molex não se perdessem num oceano de gente sambando. Naquela época, ambos já andavam e corriam por toda a parte e, enquanto o Nick era a agilidade em pessoa, o Tony dava lá suas corridinhas, mas sempre parava para analisar o que se passava à sua volta.

Então, malandramente, sugeri uma marcação homem-a-homem para a Carla. Ela – muito mais ágil e em forma que eu – “marcaria” o veloz Nick, e eu me limitaria ao trabalho de ficar de olho no Tony, que parecia estar muito mais interessado no seu novo Super-Homem do que no samba de raiz que ecoava pelo salão.

Em determinado momento, enquanto estávamos de pé vendo as pessoas dançando alegremente, o elétrico Nicholas voou e teve que ser perseguido pela Carla, enquanto o Tony analisava seu herói, contemplativo.

Ao ver a Carla saindo em disparada atrás do menino, percebi o quanto eu havia sido astuto ao sugerir esta combinação de pares. Enquanto ela corria, eu descansava tranquilamente.

E, neste momento de glória e êxito, em que meus dotes de estrategista pareciam se comparar a César, Wellington ou Robert E. Lee... o Tony decidiu pegar seu Super-Homem e o enfiar, vigorosamente, no bumbum da mulatona que estava de pé à nossa frente.

Talvez pelo “IIIIIIIIIIIK!!!” estridente da moça, talvez pelo fato dela ter se virado indignada e dado de cara comigo, ou talvez ainda por causa do emaranhado de músculos que aparentava ser o namorado dela de pé ao seu lado, minha reação imediata foi apontar com o dedo em riste na direção do meu filho – que, não custa lembrar, é sangue do meu sangue – e dizer “FOI ELE!”

Felizmente, ela se limitou a olhar feio para mim e se virou para continuar vendo o samba. Eu peguei o Tony pela mão e saí daí, achando melhor não dar sopa para o azar.

P.S. Antes que vocês perguntem, não, não tivemos que pedir pra ela devolver nosso Super-Homem.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

WHY SO SERIOUS?

O lado positivo de ser um pai é que você sempre consegue enxergar o lado otimista das coisas.

Neste caso em específico, quando flagramos o Tony no banheiro nestas, digamos, pouco ortodoxas condições, o que me passou pela cabeça foi:

“Bom... pelo menos não foi um TUBO DE SUPER BONDER que esqueceram aqui…”

VIDA DE CÃO

As pessoas me crucificam por dizer isso, mas a verdade é que, até certa idade, crianças e cachorros são mais ou menos a mesma coisa (fazem cocô e xixi por toda parte, não sabem falar, não obedecem quando você fala, etc.)

Acho que as fotos abaixo ilustram bem as semelhanças comportamentais entre ambos:

Mas é claro que, com o tempo, estas semelhanças vão se perdendo. Por exemplo, os cães aprendem MUITO MAIS RÁPIDO o lugar certo para fazer xixi e cocô, além de em algum momento entender que devem se apresentar quando chamados (o que, cá entre nós, as crianças NUNCA aprendem).

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

SURPRESAS DE DIA DAS MÃES

A proximidade do Dia dos Pais me lembrou uma do Dia das Mães...

Uma das particularidades de ter filhos é que eles têm a capacidade de transformar qualquer surpresa em algo ainda mais surpreendente. E isto não é necessariamente uma coisa boa.

Há alguns anos, acordei cedo no Dia das Mães porque ia passar o dia com a minha. Mas como minha esposa também era mãe, nada mais justo que deixar um café da manhã especial esperando por ela na sala – já numa bandejinha para que ela pudesse levar de volta para a cama, caso desejasse.

Fui correndo até a padaria e, antes de pegar a estrada, preparei a bandeja com diversas opções de quitutes.

Abaixo vocês vêem a surpresa, tal qual eu preparei.



E agora vêem o upgrade que o Tony decidiu fazer na minha surpresa.


Definitivamente, a versão dele teve muito mais impacto que a minha.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

COM A DESCULPA NA PONTA DA LÍNGUA

Post rápido de uma que lembrei hoje na hora do almoço.

Claro que palavrões são proibidos em casa e a criançada sabe disso. Mas isso não os impede de pescar uma palavra feia aqui e ali, e uma hora acaba saindo sem querer.

Outro dia estávamos na sala ouvindo os molex brincando no quarto quando de repente ouvimos o Nick bradar, em alto e bom tom, uma palavra que se assemelhava muito com “baralho”.

Na hora a Carla gritou “O quê?! O quê você disse??”

E ele, sem um milésimo de hesitação respondeu: “Eu disse muito obrigado, mamãe, muito obrigado...”

Ah tá. A gente que deve ter ouvido errado...

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

BRINCANDO DE CARRINHO

Ao longo dos anos, fui montando uma coleção de miniaturas de carros de Fórmula-1 que ficava exposta num simpático armarinho na sala.

Parei de comprar por causa do preço abusivo – hoje em dia cada um sai por no mínimo CENTO E CINQUENTA REAIS – mas sempre tive um carinho muito grande pela coleção.

Eu sabia que seria impossível manter os molex longe dos carrinhos, fundamentalmente porque eles são molex e os carrinhos são carrinhos. Então desenvolvi um astuto sistema de travas que impedia que eles pudessem abrir as janelas de vidro que abrigavam a coleção (a saber: espetinhos de madeira no trilho da janela).

Mas você deve ter reparado que o post tem um tom mais saudosista, como se isso tudo fizesse parte de um passado longínquo. O motivo para isso é que os carrinhos não se encontram mais no simpático armarinho, mas lacrados em uma caixa no meu quarto. E isso se deve em grande parte à foto ao lado, quando o Nick descobriu uma maneira de burlar meu complexo sistema de proteção (a saber: tirando o espetinho de madeira do trilho da janela).

Claro que eles eram pequenos na época e não entendiam o conceito de “NÃO PODE MEXER NISSO!”, e tenho certeza que hoje a coleção poderia voltar às prateleiras da sala sem problemas. Mas só de olhar a foto me gela a espinha. Não só pela imagem de uma criança de 2 anos tratando centenas de reais em miniaturas como se fossem carrinhos Matchbox (ou Hot Wheels, para os que ainda não se aproximaram da terceira idade), mas pelo fato de isto ter sido CALMAMENTE FOTOGRAFADO PELA CARLA COMO SE FOSSE A COISA MAIS NORMAL DO MUNDO.