segunda-feira, 9 de agosto de 2010

O DIA QUE COMPROVAMOS A EXISTÊNCIA DE JAPONESES ENTRE NÓS

A descoberta do mundo pelas crianças é um período mágico para elas e cansativo para os pais, já que elas fazem questão de relatar - nos mínimos detalhes - cada uma das milhares de novidades que vêem à sua volta todos os dias.

Só que, além de cansativo, este hábito também tem o potencial de ser estranhamente constrangedor.

Não faz muito tempo, estávamos num supermercado, na fila do check-out, esperando pela nossa vez. Aí veio um senhor, com seu carrinho de compras, e ficou atrás de nós na fila. Até hoje não consegui entender o que se sucedeu a partir daí.

O Nick percebeu a presença do homem, um japonês de uns 40 anos, e o ficou encarando como se ele tivesse quatro braços ou lepra. Pelo olhar fixo, eu já imaginava que vinha algo TRÁGICO pela frente, mas antes que eu pudesse fazer qualquer coisa, ele se virou para a Carla e apontou o dedo para o homem, falando (alto): “Olha mamãe! Um japonês! Você viu? Um JAPONÊS!”

O homem começou a ficar meio sem jeito e olhava para os lados, provavelmente para ver se mais alguém estava DESLUMBRADO pela sua presença.

A Carla preferiu nem olhar para o pobre homem e fingiu que não tinha ouvido, mas isso só fez com que o Nick insistisse ainda mais na grande descoberta que tinha feito: “Mamãe! Ei mamãe! Olha o japonês!”

Vendo que seria impossível simplesmente ignorar a situação, demos um sonoro “SHHHHHHHHHHHHH!!!!” no Nick, o que finalmente fez com que ele parasse. Aí ficamos eu e a Carla olhando para a frente, sem coragem de encarar o pobre moço, simplesmente porque não tínhamos a menor ideia do que dizer para ele.

Especialmente pelo fato de que moramos em SÃO PAULO, que tem a MAIOR CONCENTRAÇÃO DE JAPONESES FORA DO JAPÃO, e um dos melhores amigos dos molex SER JAPONÊS, não existia o menor motivo para este bizarro “estranhamento” por parte do Nick.

É por isso que, enquanto a maioria das pessoas tem fobias de coisas como alturas, aranhas, baratas e afins, o meu maior medo é de algum dia estar andando com os dois pela rua e dar de cara com um anão vindo em nossa direção. Tenho PESADELOS com isso. Porque tenho certeza absoluta que a reação deles vai me causar o momento de maior vergonha de toda a minha vida.

Um comentário:

  1. Eu e minha filha demos de cara com um anão na rua uma vez. Ela devia ter uns 4 anos. Passamos por ele, ela só observou e continuamos andando. Dali a uns 20 metros, ela me olha e diz: "Papai, eu vi um MENINO VELHO".

    ResponderExcluir