quarta-feira, 18 de maio de 2011

PROCURA-SE EMPREGO

Breve post com o relato de um papo por telefone entre o Tony e sua tia, que mora na Bahia.

Ela havia ligado para matar saudades e, como era de se esperar, chamou os dois para conversar ao telefone.

Do diálogo, conseguimos ouvir apenas o lado do Tony, mas acho que deu pra entender o teor da conversa.

“Alô?”
...
“Oi Titia...”
...
“Eu tô bem.”
...
“Tava brincando com o Nick...”
...
“Sim. Eu também tô com saudades.”
...
“Quando? Hm... não posso ir aí ainda, né?!. Preciso arrumar um emprego!”

Sinceramente, espero que ele não replique esse tipo de raciocínio na escola porque não quero ter que explicar para a diretora que a gente não fica induzindo os dois a TRABALHAR PELO PRÓPRIO SUSTENTO.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

UM DIA DE FÚRIA



Vocês já assistiram a este comercial?

Faz tempo que não posto um causo mais “antigo” dos molex, por isso hoje vou pegar carona no vídeo acima para relembrar um breve, porém INTENSO, período indisciplinado dos dois.

Realmente, não tenho muito direito de reclamar de atos de indisciplina deles, porque ambos nunca foram de dar chiliques ou desobedecer instruções, mas teve um período curto em que eles tentaram compensar anos de bom comportamento com um intensivão de birras que quase nos levou a surrá-los (quase).

O período foi quando os dois tinham uns dois anos e meio e durou mais ou menos uma semana. Depois disso, a normalidade foi reestabelecida, mas aqui relato dois casos que ficarão para sempre marcados na nossa memória.

Ambos ocorreram no mesmo dia e local, só que em horários diferentes. Era a semana do Dia das Crianças e decidimos levá-los para assistir a algo no cinema. Compramos os ingressos e fomos comer alguma coisa enquanto esperávamos pelo início da sessão.

Em virtude da época, havia uma animadora de festa infantil no restaurante, e ela pintava bichinhos, desenhos e afins na criançada.

Como notamos que o Tony não parava de olhar para a animadora, a Carla perguntou se ele queria ir lá para que ela pintasse nele algum dragão ou aranha, algo COOL que ele pudesse ostentar como uma tatuagem ameaçadora.

Ele disse que não, mas queria que a Carla fosse até lá e pedisse para a menina pintar uma grande borboleta azul na sua testa.

Evidentemente – e infelizmente – a Carla negou, o que teve um efeito devastador no Tony, jogando-o num rompante de fúria incontrolável.

O garoto chorava copiosamente, urrando de ódio, e nada que falávamos para ele fazia qualquer tipo de efeito. A gente falava, sacudia ele, ameaçava... e nada.

Quando as outras pessoas no restaurante já contemplavam a hipótese de pedir a conta (ou nossa remoção do recinto), aos poucos o chororô foi ficando mais fraco, até eventualmente se dissipar por completo e, no lugar do pequeno diabo da tasmânia que tínhamos levado à lanchonete, restava apenas um inocente garotinho de olhos vermelhos e rosto lavado por lágrimas.

Morrendo de vergonha e certamente tidos como os pais mais sem controle da cidade, pedimos a conta apressadamente para o garçom, imaginando que nossa saída renderia aplausos de todos que haviam aturado aqueles 20 minutos de intensa tortura auditiva quando tudo que eles queriam era passar alguns momentos agradáveis com a família.

Felizmente, os aplausos não vieram e nós saímos discretamente do local, de cabeça baixa e envergonhados.

Aí, no caminho para o cinema, o Nick – que havia se comportado exemplarmente durante o incidente com o Tony – informou que queria ir ao banheiro fazer xixi.

A Carla o levou em direção ao banheiro, mas ele de repente parou e disse, apontando para a escada rolante:

“Não! Aí não! Quero fazer xixi lá!”

Sabendo que o banheiro do segundo piso era a mesma coisa que o do terceiro piso, mas tentando evitar uma outra crise como a do restaurante, a Carla decidiu que seria mais simples ceder ao capricho do garoto e descer o lance de escadas até o banheiro de baixo.

Mas, ao chegarmos no segundo piso e começarmos a nos dirigir até o banheiro, o Nick se virou e apontou de novo em direção à escada pela qual havíamos acabado de descer e começou a gritar:

“Não! Não aqui! Quero fazer xixi LÁ! LÁ!”

E desabou no chão, se debulhando em lágrimas e erguendo as mãos para o céu provavelmente rezando para que alguma força superior fizesse justiça e nos incinerasse da face da terra.

Tentávamos entender se ele queria fazer xixi no banheiro do segundo ou do terceiro piso quando nos demos conta de que a resposta não era nenhuma das alternativas.

Ele queria fazer xixi NA ESCADA ROLANTE. E o fato de não deixarmos estava ferindo até sua alma.

Assistíamos com olhos arregalados enquanto o Nick se arremessava no chão enquanto urrava num misto de dor e ira, e olhávamos ao redor quase que esperando reencontrar as pessoas que haviam presenciado a triste cena no restaurante.

Curiosamente, desta vez era o Tony que assistia à cena com visível interesse, como um explorador britânico presenciando um exótico ritual indígena pela primeira vez.

Até que a Carla de repente chegou ao seu limite e berrou:

“CHEGA! Cansei disso! Quer ficar aí chorando, chora! Eu vou embora!”

Ela se virou e saiu andando determinada pelo corredor do shopping, seguida de perto por mim e pelo Tony, deixando o Nick esparramado no chão em meio à sua crescente poça de lágrimas.

Aí, como que num passe de mágica, o Nick percebeu que estava sozinho e imediatamente o choro se encerrou. E ele veio correndo atrás de nós como se nada tivesse acontecido.

Resumo do dia: fomos embora e a Carla não tatuou uma borboleta na testa, o Nick não fez xixi na escada rolante e eu tive que abrir mão de um cinema que JÁ HAVIA PAGO (pensei em comentar isso com a Carla na hora mas confesso que FIQUEI COM MEDO).