quarta-feira, 29 de setembro de 2010

MALA DIRETA IN-HOUSE

Post rápido, mas achei que valia o registro.

Anteontem, o Tony fez questão de me mostrar seu álbum de figurinhas do Campeonato Brasileiro. Ponte-pretano que sou (sim, eu sei, nem precisam comentar), percebi que faltavam duas figurinhas para que ele completasse o time e comentei, em tom de brincadeira, que isso não podia ficar assim.

Ele deve ter ficado com isso na cabeça porque ontem cheguei do trabalho e fui recepcionado por um papel dobrado, no qual estava escrito (com a caligrafia distinta do Tony):


Ao abrir a carta, dei de cara com o seguinte texto em inglês:

(Traduzindo: "Daddy. I, Anthony, completed Ponte Preta")


Em outras palavras, ele havia conseguido as figurinhas que faltavam para completar o glorioso time de Campinas e, evidentemente, tal feito merecia ser informado para seu público-alvo (a.k.a.: eu).

Mais que escrever um simples bilhete, ele usou o "Carta para Vladimir" em português, como um teaser para me obrigar a abrir a carta.

Como só falo em inglês com ele (METIIIIIIIIIDO) e ele não costuma me chamar de VLADIMIR, provavelmente deve ter feito isso para que eu não desconfiasse que o bilhete era de sua autoria, e que se tratava de uma correspondência do banco ou algo assim.

Ao ler o texto interno, claro que fui correndo ver o álbum com ele, mas aí me toquei de uma coisa: com 20 anos de propaganda nas costas, eu havia tido uma aula prática de como utilizar o marketing direto de maneira realmente eficaz na mobilização de um público-alvo específico.

Só que o professor da aula tinha apenas 7 anos de idade.

TER FILHOS É PADECER NO INVERNO

Hoje me perguntaram se eu tinha gêmeos.

Disse que sim e a pessoa me respondeu com um “Ahhhh... que legal!”, e isto para mim é o maior indicativo de que ela não tem filhos e muito menos GÊMEOS.

Quem tem gêmeos, por mais que tente, nunca consegue abrir um sorriso muito grande quando ouve que outra pessoa também passou por isso.

Antes que vocês me crucifiquem, acho que está bem claro pelos posts neste blog que adoro os dois. Mas o fato é que o primeiro ano é particularmente cruel para quem é vítima de filhos gêmeos.

Especialmente para a mãe, claro.

A Carla, por exemplo, fez questão de amamentar os dois até 1 ano de idade, o que em termos práticos significou que ela não dormiu durante esse ano todo.

O processo todo de acordar o bebê, dar de mamar, fazê-lo arrotar e dormir leva aproximadamente uma hora. Bebês mamam de duas em duas horas, o que quer dizer que sobra uma janelinha de uma hora para dormir entre uma mamada e outra. Só que são DOIS bebês.

Ou seja, no momento em que um está adormecendo, o outro está acordando faminto. E o ciclo vai se repetindo noite adentro.

Claro que, para piorar a história, ainda tem a CÓLICA, que faz com que os bebês chorem aos prantos durante horas, sem que nada que você faça surta qualquer efeito.

Alguns pais – poucos, é verdade – me disseram que seus filhos nunca tiveram uma única cólica e que eles dormiam quase a noite toda. A estes pais, peço desculpas por ter desejado secretamente que eles fossem atropelados por caminhões de lixo, mas o fato é que teria sido MUITO MERECIDO. Porque quem não passa noites em claro por causa dos filhos simplesmente não merece a misericórdia de nós que passamos.

O ápice do meu desespero foi um dia de inverno em que um deles não parava de chorar por causa de cólica e a Carla tentava amamentar o outro. Para evitar um chororô generalizado, levei o pobre bebê para a sala e fiquei andando pra lá e pra cá sem qualquer sinal de melhora. O tempo foi passando e minha exaustão ia sendo levada ao limite quando, de repente, tive uma ideia.

Agasalhei muito bem o menino porque a temperatura naquela noite estava muito baixa. Depois, fiquei só de short - sem camisa e descalço - e fui com ele perambular pela área de serviço (de novo, reforço que nosso filho estava devidamente protegido por camadas e mais camadas de cobertores).

Após alguns minutos, a Carla apareceu e quis saber o que eu estava fazendo quase nu na área mais gelada do apartamento, ainda mais numa das madrugadas mais frias do ano.

Até hoje lembro perfeitamente da resposta que dei a ela:

“Tô tentando pegar uma pneumonia... quem sabe me internam e eu finalmente consigo dormir um pouco...”

O resultado do meu plano infalível? Não peguei pneumonia, as noites em claro continuaram e eu ainda tive que lidar com isso tudo com O PIOR RESFRIADO DA MINHA VIDA.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

CAIXAS DE BRINQUEDO

Os molex nunca poderão se queixar de falta de brinquedos, como vocês podem comprovar na foto ao lado. Sempre fui partidário da teoria de que o que a criança gosta é de brinquedo, então a nossa casa em determinados momentos mais se parecia com uma loja de brinquedos do que com uma residência.

Mas uma coisa sempre me intrigou, porque eu já havia lido a respeito disso antes de ter filhos, mas sempre havia considerado uma espécie de “lenda urbana”: o fato de criança brincar muito mais com a caixa do que com o brinquedo que veio dentro dela.

Revendo algumas fotos do nosso acervo, percebi que não era lenda urbana coisa nenhuma. O que me irrita é a quantidade de coisas que eu podia ter comprado PARA MIM se tivesse passado na Kalunga e levado só um monte de caixas em vez de complexos e caríssimos BRINQUEDOS.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

SOBRE COBRAS, CRIANÇAS E ESCORPIÕES

Um tempinho atrás decidi fazer uma surpresa para os dois enquanto a Carla trabalhava num sábado – levá-los ao Butantan (também achava que era com “ã”, mas o instituto é com “an”).

Para quem não sabe o que é o Instituto Butantan, é um centro de pesquisas biológicas paulistano que tem como maior atração o grande acervo de animais peçonhentos em cativeiro, como cobras, aranhas e escorpiões.

No caminho, expliquei para eles o que os esperava pela frente.

“Lá tem muitas, muitas cobras... de todos os tipos! E além disso tem outros bichos também, como aranhas, escorpiões...”

Os olhos brilhavam maravilhados, da mesma forma que imagino que os meus brilharam quando meus pais me levaram até lá pela primeira vez, (sim, já existia o Butantan quando eu era criança).

Estacionamos e eles olhavam para todos os lados, num misto de excitação e um provável medo de topar com uma anaconda faminta na próxima esquina. Chegamos ao serpentário e eles contemplaram em silêncio as serpentes, que deitavam preguiçosamente ao sol.

Comecei a identificar algumas espécies para eles, que olhavam mais ao redor do que para dentro do serpentário. Aí o Nick me perguntou se os escorpiões estavam aí dentro do viveiro junto com as cobras e eu expliquei que não, que estavam dentro do museu.

Percebendo que o local rapidamente se tornava desinteressante para eles, sugeri que fôssemos ao museu, onde eles poderiam ver os bichos bem de perto, por trás do vidro. E lá fomos nós.

Mas mal começamos a passear pelos corredores do museu e o Nick perguntou:

“É aqui que estão os escorpiões?”

Eu respondi que sim, mas mais para frente. E mostrei uma cascavel olhando ameaçadoramente para nós através do vidro de seu “cubículo”. Eles observaram rapidamente e partiram para a próxima cobra.

Daí para frente, eles paravam (quando paravam) durante uns 3 ou 4 segundos em cada local e já partiam para o próximo, contrariando o conceito básico de qualquer museu que é o de OBSERVAR O QUE ESTÁ SENDO EXPOSTO.

Inicialmente, achei que isso ocorria porque o fato de estarem tão próximos a serpentes tão perigosas estava os deixando nervosos, e eles haviam se dado conta do enorme perigo que era estarem cercados por dezenas de víboras, corais, najas e jararacas...

Mas não. Descobri o motivo real quando eles me perguntaram, impacientes, durante a rápida marcha pela exposição:

“Então... cadê os escorpiões?!”

Estava claro que os pequenos aracnídeos tinham desbancado os grandes répteis rastejantes como as principais vedetes do instituto, então lá fomos nós, rumo à “seção dos escorpiões”.

Caprichosamente, os escorpiões eram os últimos animais expostos no museu e nem mesmo as caranguejeiras ou viúvas negras que se encontravam antes deles receberam mais do que um rápido olhar entediado.

A tal “seção dos escorpiões” era composta por dois displays de vidro com uma ambientação para mostrar como o bicho consegue SE ESCONDER e SE CAMUFLAR para caçar suas presas com o máximo de eficiência.

Assim, tive que ficar uns bons minutos tentando encontrar os animais em meio a folhas secas e galhos de árvore, com os dois garotos já impacientes do meu lado. Quando finalmente os achei e apontei sua localização para os molex, a expressão no rosto deles foi como se eu estivesse exibindo o caderno de economia do Estadão. Os escorpiões imoveis e amarelados, de uns 3cm de comprimento, com certeza não se equiparavam aos enormes monstros negros dos filmes, que aterrorizavam cidades inteiras com seus ferrões pingando ácido sulfúrico.

O Nick se virou e continuou rumo à saída enquanto o Tony balançou levemente a cabeça e ao menos me dignou com um:

“Hm... ok. Podemos ir?”

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

MAMÃE, XABE QUE TI CONSIDERO... HIC!

Historicamente, sempre fui incapaz de fritar um simples ovo, mas aprendi a cozinhar na marra, como tentativa de dar um mínimo de descanso para a Carla após o nascimento dos molex.

Aí, alguns anos atrás, decidi fazer um almoção de sábado e, como parte do ritual, preparei uma caipirinha para ir bebericando durante o processo.

Fui buscar algo na sala e acabei deixando o drink bem no centro da mesa de jantar (na época os molex tinham um ano e meio e nem andavam direito ainda, mas lembro de ter tido o cuidado de deixar o copo fora de alcance).

De repente, enquanto eu preparava os ingredientes na cozinha, ouvi um “CHARLES!” enfurecido vindo da sala.

Já praticamente baixando as calças para levar umas boas palmadas da Carla, me arrastei até a sala para descobrir o que eu tinha feito de errado desta vez.

A encontrei segurando a mão do Tony, de pé ao seu lado. Com um olhar de reprovação, ela me ordenou:

“Sente o hálito do seu filho!”

Me aproximei do rosto dele e senti um inconfundível cheiro de CACHAÇA exalando da inocente boca do meu filho pequeno.

Tentei argumentar que não era possível, porque eu havia deixado o copo bem no meio da mesa, que por sinal era mais alta que o próprio Tony.

Só que, ao detectar a presença de um copo na mesa, a altura não havia sido um empecilho para o destemido explorador.

Primeiro ele subiu na cadeira e depois trepou para cima da mesa, onde sentou tranquilamente e tomou um gole da caipirinha antes de ser flagrado pela Carla.

No final, me livrei com uma simples advertência e aprendi a nunca mais deixar bebidas dando sopa pela casa. Mas uma coisa neste episódio me frustrou: queria ter aproveitado a situação e levado o Tony na pediatra para um exame de rotina, só para ver a cara de choque dela ao perceber o BAFO DE MÉ vindo de um menininho de 1 ano e meio (mas a Carla não deixou).

Ah, e só para esclarecer quanto à foto que ilustra este post, antes que vocês nos denunciem para a polícia: não, a Carla não parou para fotografar enquanto o Tony enchia a cara. Apesar do copo, o que ele está tomando nesta foto é suco mesmo.

E SINCERAMENTE NÃO ENTENDO ESSA OBSESSÃO QUE VOCÊS TÊM EM QUERER DENUNCIAR A GENTE PRA POLÍCIA!

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

MAMÃE NÃO QUER ME SOCAR... :-(

Estávamos batendo papo na sala quando o Nick se juntou a nós.

“Mamãe... meu dente vai cair?”

Mais que interessado sobre sua higiene bucal, ele estava de olho na oportunidade financeira de trocar um dente de leite por DINHEIRO VIVO, um negócio que só a FADA DOS DENTES entende como proveitoso e rentável.

Infelizmente, a Carla percebeu que o incisivo em questão não estava molenga e disse ao Nick que tudo estava firme e forte.

Visivelmente decepcionado, ele ficou olhando para o nada, contemplativo, até que de repente seus olhos se acenderam e ele teve uma ótima ideia para resolver o problema.

“Já sei! Dá um soco na minha boca, mamãe!”

P.S. No fundo acho desnecessário dizer, mas só para evitar possíveis denúncias para a polícia, A CARLA NÃO ATENDEU O PEDIDO DO RAPAZ.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

KIDS 'N' CARS

Meu irmão Uncle Bugz deu um presente de aniversário espetacular para os molex: o “autorama” do Speed Racer.

Percebendo a complexidade do circuito, me incumbi da ingrata tarefa de transformar peças desconexas numa pista de corridas e, depois de algum tempo, o resultado ficou verdadeiramente magnífico.

Como vocês podem ver na foto ao lado, é a pista dos sonhos de qualquer fanático por automobilismo. Principalmente aqueles que têm pouco apego a coisas como A PRÓPRIA VIDA.

Logo após a largada, uma sucessão de curvas leva a uma grande curva elevada - bem ao estilo de Monza nos anos românticos da Fórmula-1. Aí vem uma descida violenta, seguida por um looping à la Playcenter e um cruzamento na própria pista, garantia de acidentes monumentais com o outro piloto que acabou de terminar sua volta.

De fato, foram horas de diversão, emoção e adrenalina.

Mas é CLARO que um circuito destas proporções não tem lugar permanente numa casa que possua mulheres, né? Então o bicho voltou pra caixa logo depois da primeira semana de liberdade.

Aí, hoje cheguei em casa e descobri que os molex haviam tentado reproduzir, sozinhos, o complicado circuito na caixa, com suas retas, curvas, cruzamentos perigosos e looping.

E conseguiram:


Tá tudo aí: curvas, retas, cruzamentos perigosos e looping.

O QUE MAIS VOCÊ PODERIA QUERER DE UMA PISTA DE CORRIDAS?

terça-feira, 14 de setembro de 2010

DELIBERANDO BREVEMENTE SOBRA A UTILIZAÇÃO CORRETA DAS CUECAS

Outro dia (faz algum tempo, é verdade) a Carla me ligou no trabalho dizendo que o Tony estava angustiado por não conseguir tirar suas cuecas.

A frase toda tem elementos que a tornam bem, digamos, BIZARRA, mas logo de cara estranhei o termo no plural: cuecas.

Pensei durante um breve instante se cueca não poderia ser como “óculos” – uma palavra plural que designa um objeto comumente visto como singular – mas não era o caso, então pedi maiores esclarecimentos.

Aí a Carla me mandou uma foto que não só explicou o plural como também a parte do “não conseguir tirar”.

Entusiasmado com a compra de um novo lote de roupas íntimas, o Tony decidiu colocar todas de uma vez. Só que na cabeça. Eram muitas e, ao tentar tirar todas, ele se embananou todo e começou a entrar em desespero.

O desespero foi prontamente atendido pela Carla, que tirou as cuecas uma a uma, mas não antes de registrar o constrangedor momento para toda a posteridade na foto abaixo:

domingo, 12 de setembro de 2010

EMPURRA-EMPURRA

Há muito tempo, compramos dois caminhõezinhos de brinquedo para os molex. A ideia inicial era que eles arrastassem pra lá e pra cá, enchessem de brinquedos, apostassem corridas, etc. Mas, logo de cara, surgiu uma utilização um tanto inusitada para os brinquedos: o Tony sentava na caçamba e era levado por toda a parte pelo Nick, como se numa espécie de rigshaw chinesa.

O Nick nunca reclamou, e ficava um bom tempo empurrando e arrastando o irmão pela casa enquanto este se limitava a dar ordens - uma espécie de versão mirim da Miss Daisy.

No parquinho, era só ver um triciclo dando sopa que lá iam os dois – o Tony sentado e o Nick fazendo as vezes do motor, empurrando seu acomodado irmão por todo o perímetro do local.

Várias vezes pedimos que ocorresse uma inversão na brincadeira, para que o Nick pudesse se beneficiar do papel de motorista em vez de eterno motor. Éramos atendidos com suspiros de ambas as partes, mas, no momento que parávamos de prestar atenção, acontecia uma nova troca de posições e lá se ia o Nick empurrando diligentemente.

Aí deduzimos o motivo para isso. O Nick tinha um apreço e admiração tão grande pelo irmão que muitas vezes preferia abrir mão de seu prazer pessoal para que o Tony pudesse ter alguns momentos de alegria e descontração. A felicidade do irmão era mais importante do que a sua própria e, como qualquer pai orgulhoso, ficamos verdadeiramente tocados pela lição de generosidade que tínhamos recebido de uma criancinha de 3 anos.

Aí um dia fui para a casa dos meus pais e, conversando no terraço, ouvi o som característico do triciclo sendo empurrado freneticamente lá fora.

“Estão ouvindo? O Nick é tão gente boa que insiste em empurrar o irmão por toda a parte. Tentamos pedir para que o Tony empurrasse o Nick de vez em quando, mas ele insiste porque pra ele não existe maior felicidade do que ver o sorriso de alegria estampado no rosto do Tony!”

Só que, de repente, de dentro de casa saiu o Tony, intrigado quanto ao quê falávamos dele. E no entanto o som do triciclo sendo empurrado continuava lá fora.

Fomos ver e percebemos que toda esta benevolência que tínhamos atribuído ao Nick tinha outra explicação muito mais simples:

Ele simplesmente adorava empurrar qualquer veículo com o máximo de velocidade possível. O Tony nessa brincadeira toda? Era um mero DETALHE.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

QUANDO OS FINS NÃO JUSTIFICAM OS MEIOS

Certas ideias só são boas até a página 2, mas a maioria das pessoas que embarca nelas só percebe isso quando já passou pela página 1.

Um destes casos foi quando o Tony apareceu chorando copiosamente em casa outro dia, carregando uma chave philips na mão (para quem não lembra o que é uma chave philips, é a que está na foto ao lado).

Ao indagar sobre o motivo do choro, percebemos que havia sangue na sua boca e nos apressamos para ver o que tinha acontecido.

Abrimos a boca dele cuidadosamente e detectamos um pequeno furo bem no meio do céu da boca. Deduzimos no ato que ele estava andando pela casa com a chave philips na boca e havia tropeçado ou batido em algum lugar (tivemos que deduzir porque, com o chororô todo, ele não estava sendo particularmente esclarecedor).

Mas aí percebi um detalhe curioso: na haste metálica da ferramenta havia uma folha A4 dobrada várias vezes. Era como se alguém tivesse usado a chave philips para atravessar todas as dobras do papel de uma vez.

Alguns minutos depois, com mais calma e recuperado do susto, o Tony nos contou o que havia ocorrido.

Ele tinha dobrado a folha várias vezes e queria fazer um furo transpassando o calhamaço todo. Encontrou a chave philips e tentou furar sem sucesso porque a grande quantidade de dobras no papel tornava a operação muito difícil.

Aí ele percebeu que podia simplesmente segurar o papel dobrado entre os dentes – com muito mais firmeza – e utilizar a chave philips com ambas as mãos para fazer o furo.

Deve ter parecido uma ideia brilhante até a hora em que a chave philips de fato furou o calhamaço de papel e continuou seu trajeto boca adentro até se alojar no céu da boca do Tony.

A Carla acredita que este raciocínio até certo ponto peculiar é decorrente da minha contribuição genética na “produção” dos molex. Mas em defesa do Tony, o objetivo não era furar o papel? Pois então. Deu certo!

terça-feira, 7 de setembro de 2010

PEDRO BOSCO IS ALIVE

Fresquinha que aconteceu hoje no almoço.

Os molex estavam afim de hambúrgueres e nós acabamos indo num lugar perto de casa chamado Zé do Hambúrguer, indicação de um amigo.

O lugar segue a temática dos Snack Bars americanos dos anos 50, com jukebox, fountain soda e decoração bem fifties. Sentamos à mesa e, numa tela imitando aquelas televisões de tubo da época, estava passando um show com o Elvis Presley.

Aí perguntei pros molex se eles sabiam quem estava cantando e o Tony respondeu na hora:

"Claro né? É o Pedro Bosco!"

WHO???

OBEDIÊNCIA INSTANTÂNEA

Arrumar uma bagunça consome tempo e, quando se é criança, qualquer coisa que tire o foco de uma brincadeira ou diversão deve ser resolvida da maneira mais rápida e indolor possível.

Um exemplo é a foto abaixo. Enquanto nós, adultos, podemos levar uns bons 20 minutos para arrumar uma gaveta de roupas, os molex - dotados de um impressionante senso prático - realizam o mesmo serviço em meros 20 segundos.

De novo, a boa e velha pergunta: os caras sinceramente achavam que a gente ia deixar por isso mesmo?

sábado, 4 de setembro de 2010

SE CASAR, NÃO CORRA

Dois amigos meus decidiram se casar e tiveram a ideia de usar os molex como pajens (nem sabia que existia este termo – sempre chamei de “daminhos”).

Alertei o casal de que os dois tinham apenas 4 anos e ainda não eram 100% controláveis, mas como os meninos sempre se portavam muito bem em eventos sociais e afins, foi impossível tirar a ideia da cabeça da noiva. Então, honrados pela escolha, mas um tanto preocupados, lá fomos nós para o ensaio.

O casamento era ao ar livre e o altar não havia sido montado ainda, o que nos obrigou a improvisar os detalhes da cerimônia no que era praticamente um gramado vazio.

E tudo correu muito bem, até porque o processo todo era simples: o Nick seguiria com a daminha de honra até o altar e esperaria lá. Depois, o Tony levaria as alianças numa almofada e, após a entrada da noiva, os dois estariam liberados para sair do altar discretamente – afinal, eles tinham só 4 anos e dificilmente conseguiriam ficar de pé quietinhos até o fim da cerimônia.

Realizado o ensaio, noivo e noiva estavam felizes e tranquilos. Eu e a Carla ainda achávamos que as coisas poderiam não ser tão perfeitas no casamento em si, mas até aí estávamos apenas sendo ARAUTOS DO APOCALIPSE, porque tudo havia corrido bem.

Então chegou o grande dia. Estávamos no local do casamento com 2 horas de antecedência e repassamos o procedimento todo com os molex, tantas vezes quanto possível. Aí veio a hora do casamento em si.

Com toda a pompa e circunstância, o noivo caminhou até o altar, seguido pelo Nick e pela daminha. Eu esperava com o Tony até o momento de “soltá-lo”, mas percebi que ele tinha um olhar vago no rosto, o que começou a me assustar um pouco.

No momento certo, gentilmente disse a ele que era a sua vez, ao qual ele respondeu simplesmente com:

“Ehm... não.”

Com meu desconforto rapidamente se transformando em PÂNICO, eu pedi de novo, mas ele parecia irredutível quanto à sua decisão de não caminhar até o altar.

Ele até deu alguns passos pelo caminho, mas de repente congelou, evidentemente aterrorizado pela quantidade de pessoas que o observavam atentamente.

Aí veio o ponto alto do cerimonial: o Nick, percebendo a gravidade da situação, desceu do altar e foi correndo até o irmão, abraçou-o calorosamente e pegou a almofada com as alianças para levar até o noivo.

Um “ooooooooooohhhhhhhhhnnnn” generalizado se formou e todos assistiam emocionados enquanto o Nick voltava correndo até o altar.

Imediatamente, todo meu pânico se converteu numa grande sensação de alívio e tranquilidade... mas mal desconfiava eu que a sensação voltaria a ser de pânico em breves instantes.

Ao entregar as alianças para o noivo, o Nick se virou e voltou correndo pelo corredor todo. Chegando ao final, deu meia-volta e voltou correndo até o altar, aparentemente maravilhado pela pista de corrida que havia descoberto. E ficou claro que ele não tinha planos de parar com a correria tão cedo.

Neste momento, a noiva entrou e começou a se dirigir até o altar. O Nick continuava correndo num vai-e-vem frenético, desviando dela enquanto eu e a Carla tentávamos pensar em como arrancá-lo de lá.

Durante algum tempo tentei a técnica de correr junto com o Nick, mas havia muita gente de pé assistindo à cerimônia e eu não conseguia me antecipar a ele. Além disso, o altar ficava encostado numa árvore centenária, o que me obrigava a praticamente trepar pelos galhos e raízes para me aproximar do local e, quando finalmente conseguia, o ligeiro garoto já estava correndo na direção oposta.

Com minha adrenalina e desespero atingindo níveis inimagináveis, decidi me infiltrar entre os convidados para tentar interceptar o Nick de surpresa pelo percurso.

Felizmente, deu certo. No que deve ter sido a 6ª ou 7ª passagem do Nick pelo corredor central, estiquei os braços de surpresa e o peguei, tal qual um grande crocodilo africano abocanhando um pobre gnu sedento na beira do lago.

Feito isso, o casamento pôde seguir seu curso normal e, depois, os noivos disseram ter achado o incidente memorável e divertidíssimo.

Só sei que, depois disso tudo, tanto a Carla quanto eu achamos MUITO JUSTA a possibilidade de tomar algumas doses a mais durante a festa.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

SERÁ QUE O DAMIEN HIRST COMEÇOU ASSIM?

Não sei se sou só eu, mas quando me deparo com cenas com as abaixo, às vezes me questiono se não estou criando dois Dexter Morganzinhos em casa.

Sei lá. Ter filhos às vezes pode ser meio, digamos, PERTURBADOR...

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

O DIA EM QUE O TONY GANHOU PONTO COMIGO

Era uma agradável noite de verão e voltávamos da locadora, que fica a um quarteirão de casa. Eu segurava a mão do Tony e a Carla a do Nick.

Em determinado momento, não lembro bem porquê, começamos a competir para ver quem chegaria primeiro ao portão do prédio e, como o Nick era muito ágil, eu sabia que minha única alternativa para ganhar a disputa seria impedir que ambos nos ultrapassassem.

Assim, ficamos tentando bloquear uma eventual investida dos dois o quanto fosse possível, e a tática se mostrou eficiente até chegarmos a poucos metros do portão. Aí o chinelo do Tony caiu.

Ao perceber que a Carla e o Nick nos ultrapassavam pela esquerda, não tive dúvidas: agarrei o chinelo com uma mão e coloquei o Tony embaixo do outro braço com o intuito de carregá-lo pelos poucos metros que restavam no percurso.

Só que logo no primeiro passo fui perdendo o equilíbrio e ambos caímos espalhafatosamente no chão, no que deve ter sido um espetáculo verdadeiramente patético e grotesco de assistir.

Para piorar, o Tony bateu o queixo e teve que levar alguns pontos enquanto a culpa e o remorso me torturavam no pronto socorro. Mas, gente boa que é, ele me perdoou pela insensatez do ocorrido (até porque chegamos primeiro no portão e acabamos ganhando a prova).

No dia seguinte, achei que seria de bom tom avisar minha mãe, que me crucificaria se descobrisse que ninguém havia a avisado que seu netinho havia levado pontos, então liguei.

“Oi Mum, tudo bem?”
“Oi! Tudo bem. E você?”
“Olha, tá TUDO BEM, mas o Tony teve que levar uns pontinhos ontem...”
“Ai meu Deus! O que aconteceu?!”
“Então... eu estava jogando ele pra cima e pegando ele no ar, sabe? Aí esqueci que estávamos na loja da Carla e que o ventilador estava ligado, né? Aí quando joguei ele pro alto... FRRRRAKKK!!!”
“Ehn... você...” (seguido por um silêncio sepulcral)
“Nah! Tô brincando. Tropeçamos perto de casa e ele bateu o queixo na calçada!”
“Nossa! Que susto! Por que você falou aquilo?!”
“Ué! Só pra você ver como podia ter sido MUITO PIOR.”

HIDE & SEEK & WASH

Da série “pensando bem, poderia ter sido bem pior”, fico imaginando que pelo menos ele não decidiu se esconder dentro do forno. Ou da fossa séptica (se bem que isso provavelmente só porque nós NÃO TEMOS uma fossa séptica em casa...)