Para quem não sabe o que é o Instituto Butantan, é um centro de pesquisas biológicas paulistano que tem como maior atração o grande acervo de animais peçonhentos em cativeiro, como cobras, aranhas e escorpiões.
No caminho, expliquei para eles o que os esperava pela frente.
“Lá tem muitas, muitas cobras... de todos os tipos! E além disso tem outros bichos também, como aranhas, escorpiões...”
Os olhos brilhavam maravilhados, da mesma forma que imagino que os meus brilharam quando meus pais me levaram até lá pela primeira vez, (sim, já existia o Butantan quando eu era criança).
Estacionamos e eles olhavam para todos os lados, num misto de excitação e um provável medo de topar com uma anaconda faminta na próxima esquina. Chegamos ao serpentário e eles contemplaram em silêncio as serpentes, que deitavam preguiçosamente ao sol.
Comecei a identificar algumas espécies para eles, que olhavam mais ao redor do que para dentro do serpentário. Aí o Nick me perguntou se os escorpiões estavam aí dentro do viveiro junto com as cobras e eu expliquei que não, que estavam dentro do museu.
Percebendo que o local rapidamente se tornava desinteressante para eles, sugeri que fôssemos ao museu, onde eles poderiam ver os bichos bem de perto, por trás do vidro. E lá fomos nós.
Mas mal começamos a passear pelos corredores do museu e o Nick perguntou:
“É aqui que estão os escorpiões?”
Eu respondi que sim, mas mais para frente. E mostrei uma cascavel olhando ameaçadoramente para nós através do vidro de seu “cubículo”. Eles observaram rapidamente e partiram para a próxima cobra.
Daí para frente, eles paravam (quando paravam) durante uns 3 ou 4 segundos em cada local e já partiam para o próximo, contrariando o conceito básico de qualquer museu que é o de OBSERVAR O QUE ESTÁ SENDO EXPOSTO.
Inicialmente, achei que isso ocorria porque o fato de estarem tão próximos a serpentes tão perigosas estava os deixando nervosos, e eles haviam se dado conta do enorme perigo que era estarem cercados por dezenas de víboras, corais, najas e jararacas...
Mas não. Descobri o motivo real quando eles me perguntaram, impacientes, durante a rápida marcha pela exposição:
“Então... cadê os escorpiões?!”
Estava claro que os pequenos aracnídeos tinham desbancado os grandes répteis rastejantes como as principais vedetes do instituto, então lá fomos nós, rumo à “seção dos escorpiões”.
Caprichosamente, os escorpiões eram os últimos animais expostos no museu e nem mesmo as caranguejeiras ou viúvas negras que se encontravam antes deles receberam mais do que um rápido olhar entediado.
A tal “seção dos escorpiões” era composta por dois displays de vidro com uma ambientação para mostrar como o bicho consegue SE ESCONDER e SE CAMUFLAR para caçar suas presas com o máximo de eficiência.
Assim, tive que ficar uns bons minutos tentando encontrar os animais em meio a folhas secas e galhos de árvore, com os dois garotos já impacientes do meu lado. Quando finalmente os achei e apontei sua localização para os molex, a expressão no rosto deles foi como se eu estivesse exibindo o caderno de economia do Estadão. Os escorpiões imoveis e amarelados, de uns 3cm de comprimento, com certeza não se equiparavam aos enormes monstros negros dos filmes, que aterrorizavam cidades inteiras com seus ferrões pingando ácido sulfúrico.
O Nick se virou e continuou rumo à saída enquanto o Tony balançou levemente a cabeça e ao menos me dignou com um:
“Hm... ok. Podemos ir?”
Será que os verdadeiros escorpioes que os molex queriam tanto ver nao eram aqueles que tocaram no Credicard ha dias atras?
ResponderExcluirDefinitivamente. Vamos esperar que a turnê de despedida deles seja apenas uma pegadinha.
ResponderExcluirAcho que a sua locução durante a visita não foi boa o suficiente. Você tem que ir contando coisas horríveis como que uma sucuri engole um bezerro inteiro e se algum deles cair lá dentro será engolido também. Em seguida tem que dizer que os tratadores estão com problemas para alimentar as sucuris, a comida acabou. E que crianças pequenas estão desaparecendo das redondezas. Tem que falar sério. E aí te garanto que a visita será inesquecível. Meus filhos ficavam ligados o tempo todo...
ResponderExcluirTem que contar que existem cobras constritoras que esmagam a presa até quebrar todos os ossos, transformando qualquer ser vivo em uma pasta mole e engulível. Que a Urutu cruzeiro tem uma crus na testa porque ela é a mais venenosa de todas. E quem for picado sofrerá dores atrozes e se ajoelhará pedindo a Deus que o leve, por isso a cruz na testa da cobra. Entendeu?
ResponderExcluirTipo a história do "Este é Jesus... ele foi CRU-CI-FI-CAAAA-DO"
ResponderExcluirShock & Awe.