quarta-feira, 1 de setembro de 2010

O DIA EM QUE O TONY GANHOU PONTO COMIGO

Era uma agradável noite de verão e voltávamos da locadora, que fica a um quarteirão de casa. Eu segurava a mão do Tony e a Carla a do Nick.

Em determinado momento, não lembro bem porquê, começamos a competir para ver quem chegaria primeiro ao portão do prédio e, como o Nick era muito ágil, eu sabia que minha única alternativa para ganhar a disputa seria impedir que ambos nos ultrapassassem.

Assim, ficamos tentando bloquear uma eventual investida dos dois o quanto fosse possível, e a tática se mostrou eficiente até chegarmos a poucos metros do portão. Aí o chinelo do Tony caiu.

Ao perceber que a Carla e o Nick nos ultrapassavam pela esquerda, não tive dúvidas: agarrei o chinelo com uma mão e coloquei o Tony embaixo do outro braço com o intuito de carregá-lo pelos poucos metros que restavam no percurso.

Só que logo no primeiro passo fui perdendo o equilíbrio e ambos caímos espalhafatosamente no chão, no que deve ter sido um espetáculo verdadeiramente patético e grotesco de assistir.

Para piorar, o Tony bateu o queixo e teve que levar alguns pontos enquanto a culpa e o remorso me torturavam no pronto socorro. Mas, gente boa que é, ele me perdoou pela insensatez do ocorrido (até porque chegamos primeiro no portão e acabamos ganhando a prova).

No dia seguinte, achei que seria de bom tom avisar minha mãe, que me crucificaria se descobrisse que ninguém havia a avisado que seu netinho havia levado pontos, então liguei.

“Oi Mum, tudo bem?”
“Oi! Tudo bem. E você?”
“Olha, tá TUDO BEM, mas o Tony teve que levar uns pontinhos ontem...”
“Ai meu Deus! O que aconteceu?!”
“Então... eu estava jogando ele pra cima e pegando ele no ar, sabe? Aí esqueci que estávamos na loja da Carla e que o ventilador estava ligado, né? Aí quando joguei ele pro alto... FRRRRAKKK!!!”
“Ehn... você...” (seguido por um silêncio sepulcral)
“Nah! Tô brincando. Tropeçamos perto de casa e ele bateu o queixo na calçada!”
“Nossa! Que susto! Por que você falou aquilo?!”
“Ué! Só pra você ver como podia ter sido MUITO PIOR.”

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