sábado, 1 de outubro de 2011

BEREBAS DE BIRIBA

Isso aqui que vocês estão vendo é a boca do Tony. No lábio, vocês percebem uma ferida, como se fosse um foco de herpes ou uma alergia a algo que ele tenha comido.

Aos que apostaram na segunda opção, parabéns: vocês acertaram, mas duvido que tenham decifrado a charada.

O fato é que isto aconteceu em junho, época de festas juninas. Em meio às paçocas e aquela infinidade de doces e comidas típicas, alguma reação a determinado ingrediente é algo até certo ponto esperado, então não fiquei particularmente alarmado ao chegar em casa depois de um dia de trabalho e encontrar meu filho com BEREBAS no lábio.

Claro que eu deveria ter percebido que algo estava errado - e que de alguma maneira eu estava envolvido nisso - pelo olhar pouco hospitaleiro da Carla e pela sensação desconcertante de que ela apenas estava esperando que eu mencionasse algo para atacar - tal qual o feroz jaguar à espreita do inocente porco-do-mato.

E aí, ao finalmente perguntar se ela havia percebido as feridas na boca do Tony, abri a porta para a avalanche de bordoadas auditivas a que tão habitualmente sou sujeito nesta minha vidinha:

"É impressionante né? Você faz as coisas sem pensar e eles imitam! E dá nisso! Eu perguntei pro Tony onde ele havia aprendido isso e, CLARO que a resposta foi que ele viu você fazendo, achou engraçado e taí o resultado!"

E aí, após um perído de esclarecimentos, finalmente entendi o que havia acontecido.

Acontece que tínhamos ido a uma quermesse na semana anterior e, evidentemente, tivemos que passar por todas as barracas do local, uma a uma.

Ao jogar a enésima bola de tênis careca contra uma pilha porcamente montada de latinhas, lembrei da melhor definição que já ouvi para este tipo de atividade de parquinho de diversão, cortesia da comediante inglesa Josie Long:

"É como alguém chegar para você e dizer: se você me der 2 reais, eu te dou um brinde no valor de 20 centavos, e a ilusão de que você é bom num esporte."

Pois foi exatamente isso. A gente pagou uma fortuna para jogar bolas, arremessar argolas, atirar dardos... e, independente do resultado, sempre saía da barraca com um carrinho de plástico quase querbrado, um jogo de memória que valia a pena esquecer, ou uma caixinha com meia dúzia de biribinhas.

As biribinhas, pelo menos, proporcionavam um mínimo de diversão, ao serem arremessadas contra o chão e explodirem com aquele nostálgico "TRAC!"

Mas aí, decidi ser "engraçado" e coloquei uma das biribinhas na boca e mordi. O resultado foi uma mini-explosão bucal e um puxão-de-orelha da Carla:

"Para de fazer bobagem que você sabe que eles podem fazer isso e passar mal depois!"

Então parei. Mas evidentemente não devia nem ter começado, porque o Tony havia decidido replicar meu feito durante a semana e teria - confesso que duvido um pouco da veracidade da informação - COMIDO várias biribinhas que, entre uma crise de gargalhadas histéricas e outra, haviam causado as tais berebas na foto.

E a culpa toda disso, claro, é minha.

É como diz o ditado: passarinho que come biriba sabe o pai que tem.

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