quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

QUANDO O PAI MERECE UM CARTÃO VERMELHO

Memória de criança é um troço complicado, porque eles lembram de absolutamente TUDO. Um exemplo é o que aconteceu comigo hoje depois do jantar.

Como o fim do ano letivo se aproxima, muitos dos livros e cadernos que acompanharam os molex na escola já encontraram seu caminho até nossa casa.

Isso significa que nós, pais participativos, devemos sentar com os dois e ver página por página tudo que eles fizeram ao longo de 12 meses de escola.

Em um dos livros, vi uma foto de um jogador de futebol vestindo um calção azul e camisa e meias verdes. Comentei com o Tony que parecia o uniforme do meu time no Pro Evolution Soccer, aquele jogo de futebol no Playstation e computador em que tudo é personalizável, do nome dos jogadores ao uniforme da equipe (já abordamos este assunto neste post aqui)

Jogador assíduo de Pro Evolution Soccer, o Tony concordou imediatamente com meu comentário. Depois, olhou para a foto um instante e se virou para mim dizendo, num tom contemplativo:

“Hm... it can be BOSTA HUMANA”

Em choque, perguntei a ele o que ele tinha dito, e imagino que minha expressão deixou claro que ele havia falado algo indevido, porque ele na hora tratou de esclarecer.

“O nome do seu jogador! O nome do seu jogador!”

Aí lembrei que, quando montei a equipe, dei nomes “engraçadinhos” para os jogadores e que “Bostumana” tinha sido um deles.

Só que os molex não estavam juntos comigo na hora em que editei a equipe (fiz como piada pro sobrinho da Carla, que estava lá) e evidentemente o locutor do joguinho não avisa que o “BOSTUMANA” está com a bola. Então pensei que não havia risco desta brincadeira FEIA chegar até meus filhos.

Só que, durante alguma partida, em algum momento, alguém deve ter comentado o nome dele... e isso foi o suficiente para fixar na memória do Tony o nome do sujeito como algo emblemático do time que seu pai criou.

Tanto que ATÉ HOJE ele lembra disso.

Fiquei imaginando se ele já não usou o termo na escola, de repente até com a professora, mas como não fui chamado pela diretoria para prestar depoimento, acho que felizmente não foi o caso.

Lição que aprendi com isso: você pode se esforçar o quanto quiser para ensinar a seus filhos apenas o que é bom, digno e politicamente correto, mas no fundo isso não importa. Porque se eles tiverem um único pedacinho de informação que tenha o potencial de colocar você em maus lençóis, pode ter certeza de que é ISSO QUE ELES VÃO GUARDAR PARA TODA A VIDA.

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